18.1.06

A bailarina não precisava de música, mas bailava

Era de balé que fazia sua vida,

era giro pra lá
era giro pra cá

era rodopio,
era pula-pula

Até o dia que viu aquela piscina de gelo,

era quebradiça,
era fragilíssima

,mas escorregava que era uma beleza.

E viu o par de um, e se encantou naquele não bailar mais sozinha.
Não girou mais. De rosto encarou aquele conjunto que era um virar dois.

Dançava sem rodopiar. Dançava de rosto pra frente.
Nem era límite,

era explorar um só modo
era se especializar

e era linda que ficava quando via.

E se viu atrás de seu par...

era percepção
era reflexo

era parede de gelo
era fino

era, porque quebrou

E era atrás dela que o par estava de verdade
E era nas suas costas

era, por que não olhou pra trás. Chorou os pedaços que derretiam

Ele foi embora
Ela?
Ela derreteu naquilo que era piscina de gelo...

Era, apenas era...

(esse texto foi escrito para o concurso maldito, é UMA FICÇÃO!, eu e Rebeca passamos muito bem, obrigado)

17.1.06

sem vírgulas por hora

Nos olhos três pupilas
Escorriam em três os pontos
eram aquelas malditas reticências...
elas vinham sempre por motivo nenhum
e um gigante ponto de interrogação vinha depois

Era o garoto motivo nenhum
plantou sorrisos
semeou tristezas...

Era de espanto que via os sulcos de sua enchada
Esguichava lágrimas como petróleo
tinha valor de troca
mas não comprava nada...

esperava outra vírgula no ponto de ônibus

mas era a condução da culpa que vinha chegando

Era melhor ir a pé
o demorado as vezes recompensava...

(sem vírgulas pelo menos se escreveu sem pontos finais...)

11.1.06

Oração dos agnósticos

Ah, meu Deus!,
se você estiver por aí.
Dá um passeio e
Dá uma olhada aqui.

Ah, meu Deus!,
se tu tiver no céu.
Cuida desse mundo
Que virou cruel.

AH, MEU DEUS!,
se o senhor já foi homem
Lembra os ferimentos,
As cicatrizes não somem!!!!

AH, MEU DEUS!
Se tu de fato há!
Nos dê só uma causa,
que nossa vida seja,
muito mais que ar!