30.6.13

Por todo tempo

Os poucos andares eram suficientes para dar aquele prédio o seu valor. Era percebido por ser a maior construção no começo daquela movimentada rua. Logo depois, o supermercado com seus produtos de primeira, segunda e nenhuma utilidade, era lugar comum ao observador quando precisava saciar as necessidades das quais derivava.

Paralelo a linha das construções acontecia o movimento incessante de carros que um atrás do outro cuspiam barulho para todos os lados a todo instante durante o dia inteiro.

Era entre os carros, supermercado e prédio de poucos andares que se escondia. Era uma casa simples naquele ambiente de construções respeitadas. Tinha paredes pintadas de verde e detalhes, portas e janelas de branco. Os tons eram tão claros que denunciavam a impossibilidade daquela moradia coexistir de frente a um ambiente com o tanto de gás sujo que se desprendia dos constantes automotores.

Eras possível que aquela casa sempre estivera ali?

O trajeto era comum ao observador, mas aquele detalhe não. A paisagem tão habitual ganhava um elemento totalmente novo. Como era possível ter deixado passar despercebido aquele oásis no meio daquela ordem tão caótica?

E mais absurdo ainda, como não ter notado algo que julgava tão bonito por tanto tempo?

Pensou pouco.


Colocou a culpa no barulho dos carros, na importância do supermercado e no valor do prédio, seguiu em frente repetindo pra si mesmo: aquela construção nunca estivera ali. Era quase uma oração.

2.6.13

era adeus, quase um fica mais
era um até mais, por pouco não se vá


já foi, quase pra sempre será