tag:blogger.com,1999:blog-134062872024-03-07T17:27:01.456-03:00Oficina do Olhar,pois que era tão infinito de aprender que valia treinar o experimentar,O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.comBlogger140125tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-33619395152965559102015-03-06T10:37:00.003-03:002015-03-06T10:54:57.369-03:00apenas um pequeno gerônimo<div class="p1">
Se gerônimo era estimativa, estatística ou qualquer desses palavreados que não se resolve com regra de três não saberia dizer. Era com coisa mais simples que ocupava o pensador que tinha sobre o pescoço: o que, como e onde. Os três itens eram de suma importância em sua vida de simplicidades. Os dois primeiros se ocupavam de questões alimentícias e o terceiro era a respeito da localidade do seu sono. gerônimo trindade era mendigo.</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Como tinha chegado lá não era de importãncia para pessoas ocupadas como nós. Tinha uma história como tantos outros, em um tempo que parecia nunca mais. gerônimo não tinha sido capa da revista Caras, mas sabia como ninguém, transformar o objeto em lençol. Suas outras habilidades envolviam reciclagem de cigarros, administração de recursos escassos e conservação de etílicos.</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Com uma técnica que não contava pra ninguém, mas que nunca foi exibida no Discovery Channel, se destacava do seu grupo. gerônimo era cheiroso. Em um ambiente de mendicância é essencial se diferenciar. Estava sempre lá, perfumado, e com roupas de um branco invejável. Claro que as roupas não eram novas, apesar de limpas, eram surradas e amarrotadas. No rosto havia uma barba mal aparada eterna. De que outra forma, alguém daria esmola? Queremos uma cota de sofrimento explícita quando aplicamos nosso suado dinheiro na dor do próximo.</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Não posso dizer que ele era feliz, ele mesmo não o seria capaz. No entanto, era um mestre sem igual na sua área de expertise. Quando indagado pelos seus generosos patrocinadores ocasionais, de que forma alguém que falava tão bem podia estar em tão degradante estado, gerônimo retornava a pergunta, com seu jeito calmo e ponderado, se eles estavam satisfeitos com as vidas que tinham. Com um sofisma habilidoso, gerônimo invertia o jogo. No meio desse desconforto, saia com a cachacinha garantida. Ninguém se perguntava porque motivo os seus companheiros de tragédia que eram mais sujos e de fala ruim não atraiam tantas preocupações. A desgraça de gerônimo, pelo menos em um ambiente micro, vendia melhor.</div>
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<br /></div>
<div class="p1">
Um dia desses que acontece toda hora e que nunca apareceram no jornal O Globo, a mudança atravessou bem no meio da vida de gerônimo. </div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Eram vários o itens ordinários que em conjunto distinguiam aquela mudança do seus iguais: loura, alta, sensual, lábios grossos, olhos claros, cabelos lisos, um cheiro muito bom e uma voz doce aveludada. O tempo parou para gerônimo, e ele soube que nunca mais seria o mesmo. Quando perguntada, disse. </div>
<div class="p1">
<br /></div>
<div class="p1">
Seu nome era Helena.</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
A cabeça dava cambalhotas, enquanto descobria que precisava de mais um item para sobreviver. Talvez o mais importante de todos. Depois de uns instantes de uma conversa ligeira e de um abrir e fechar de bolsas, afinal ele ainda tinha os dois primeiros itens pra resolver, ela dizia: "Fica com Deus." Ele disse: "Fica comigo?".</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Não sei se estava acostumada com aquele tipo de abordagem, ou se estava distraída com algo de real valor, mas Helena virou de costas e se foi. </div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
A vida de gerônimo parou de caber em si mesmo. Sem muita reflexão, duas palavras de seu remoto passado, e que um dia significaram felicidade para além do límite, ecoaram em sua mente: Concurso Público.<br />
<br />
Dessa vez Gerônimo apareceu no jornal O Globo. Não quis dar muita explicação de como tinha feito, se tinha lido apostila da lixeira, se era um gênio, ou se tinha juntado os trocados que conseguia pra pagar cursinho caro, mas falou com todas as letras pra quem quisesse ler do motivo de tamanha superação. A capa do Jornal não deixava negar: Passou!</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
De uma hora pra outra Gerônimo ganhava relevância. Tinha conta no Itaú, celular da Vivo e perfil no Facebook. O Discovery Channel quis fazer uma matéria sobre sua vida pregressa e na capa da revista Caras, Helena dizia: "Sim".</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
O casal foi convidado para falar na Ana Maria Braga e na Veja sobre os planos de casório e felicidades eternas conjuntas. Foi tanto falatório sobre o casal que é impossível você não ter visto. Se esqueceu foi por causa do tanto que temos pra administrar na nossa timeline diariamente. O que você não viu em lugar nenhum é que Gerônimo, que sabia administrar ninharia como ninguém, sabia pouco sobre fortunas. Para alguém que achava que fartura queria dizer apenas mais comida e conforto, Helena, com seus cada vez mais frequentes nãos, explicava, com pouca paciência, que a vida não podia se resumir em apenas quatro itens. </div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Não podia negar que sua vida tinha melhorado. Nem podia imaginar voltar a dormir em um suporte menos confortável que uma cama da Ortobom, mas Gerônimo, percebia que era mais fácil pra ele se destacar entre os miseráveis. Se antes, tinha uma rotina mais dura, era algo que ele dominava. Era um mestre. Depois da evolução social tudo se tornou mais complexo de dominar. Algumas vezes, comer e dormir, envolviam questões extremamente complexas para sua mente mais simples. E por mais que se esforçava, raramente conseguia satisfazer os desejos intermináveis da sua esposa.</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Em algum momento achou que seria mais feliz se diminuisse o escopo e pediu divórcio. Continuou a trabalhar por dois, porque Helena não era mulher de sair de casamento sem levar metade de seus bens. Não se importou. Teria menos itens pra se preocupar. </div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p2">
Numa tentativa desesperada de encontrar a felicidade, voltou a encontrar os amigos de velha data, mas eles fizeram troça do vazio que continuou a sentir, e pediram esmola. Ele não era mais reconhecido como um deles. Tentou dormir no chão da rua, mas era duro demais, e por fim, por curiosidade, tentou pedir esmola.<br />
<br />
Seus antigos amigos pediram: Vai embora.</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<br />
<div class="p1">
Não posso dizer que se tornou feliz algum dia depois disso tudo. A vida tinha se tornado uma questão que não sabia mais resolver. Um dia, seu filho indagou se na época de morador de rua era mais feliz. Como era possível ser tanto com tão pouco? O senhor Trindade, percebia a verdade, não teve dia que soubesse a felicidade, e daquele seu jeito calmo e ponderado, a que sempre foi característica marcante, tirava da carteira algum dinheiro para calar o menino e sorria de um jeito distante e tímido sem nada ter o que dizer no meio de todo aquele ambiente macro.</div>
O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-47983034240013756622014-04-21T22:00:00.003-03:002014-04-21T22:00:53.752-03:00<div class="p1">
Esfarelo a forma</div>
<div class="p1">
sólida</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Nem sim</div>
<div class="p1">
Nem não</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Acrescento água</div>
<div class="p1">
mole</div>
<div class="p1">
moldável</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Talvez.</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
E a resposta será</div>
<div class="p1">
honesta e direta </div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Será tudo e nada.</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<br />
<div class="p1">
Não sei.</div>
O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-25154389578159029322013-11-11T16:09:00.002-02:002013-11-11T16:09:25.891-02:00a longa lista de culpas do sr. um homem só<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
a elas,</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
nem tão muitas.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
a todas que nunca quis,</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
para as que desisti,</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
as que quis, mas pouco,</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
e pra aquela que nunca vou desculpar,</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
perdão</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
perdão pelo não e pelo adeus.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
perdão por eu.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
descobri: é no tu que se completa o eu, mas foi no longe que me quis </div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
meu.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
foi assim<br />no longe</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
fiz-te tua.</div>
O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-46281957959168811692013-11-09T11:59:00.001-02:002013-11-09T12:03:00.576-02:00meio<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">
No meio dos prédios, das rachaduras, dos carros e dos freios.<br />
No meio da turba e gritaria.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">
Bem naquele caos todo.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">
No turvo, no tosco e no torpe.<br />
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">
Uma borboleta.<br />
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">
Pousa em mim por um instante e se vai.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">
Eu sorrio porque ouvi o que ela não falou.<br />
"Vai ficar tudo bem".</div>
O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-79706907242929262512013-10-14T23:36:00.001-03:002013-11-11T16:14:16.795-02:00Se não sei cantar,<br />
canto baixinho.<br />
<br />
Se não sei dançar,<br />
danço sozinho.O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-5441819731202175832013-08-02T18:44:00.000-03:002013-08-02T18:46:26.804-03:00torto<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
torto sou, aceitei.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
sucedeu, aconteceu do lado de fora. </div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
eu quis. pedi. repeti.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
preenchia. esvaziava.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
preenchia. esvaziava.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
ar que entra e sai.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
entra e sai.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
entra e sai.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
entra e sai.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
característica do nada que não preenche. esvazia.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
fiquei.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
se olhei pro lado esquerdo era porque você não estava do outro lado.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
ou porque eu não estava lá. nós não estávamos.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
característica do nada que não preenche. esvazia.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
fui.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
me perdoa, amor. me perdoa.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
tão reto, você. meus caminhos tortos fazem curva.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
não existe sorriso reto, meu amor. acredite, eu tentei.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
e foi a curva se completar. encontrei a ti e essa retitude.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
me perdoa, amor. vai, me perdoa?</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
enverga essa sua reta, diga sim querendo o não e chora, chora no meu ombro torto, nos meus braços tortos. vou te proteger das escolhas de tudo em mim que fez tudo em ti entortar.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
garanto, vai preencher.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
característica do tudo que preenche. transborda.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
fica?</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
tira essa retidão dos lábios, me sorri torto, me beija torto, me chama torto, me chama de torto, me chama?</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
diz vem, eu vou. Vou torto, mas vou.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
vem, mas vem logo. anda torto comigo, meu amor do amor que é reto.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
sou todo torto é verdade, não quero negar, não nego.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
mas é em ti que meu amor é reto.</div>
O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-80905161484435400192013-06-30T03:24:00.001-03:002013-06-30T03:24:33.691-03:00Por todo tempo<div class="p1">
Os poucos andares eram suficientes para dar aquele prédio o seu valor. Era percebido por ser a maior construção no começo daquela movimentada rua. Logo depois, o supermercado com seus produtos de primeira, segunda e nenhuma utilidade, era lugar comum ao observador quando precisava saciar as necessidades das quais derivava.</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Paralelo a linha das construções acontecia o movimento incessante de carros que um atrás do outro cuspiam barulho para todos os lados a todo instante durante o dia inteiro.</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Era entre os carros, supermercado e prédio de poucos andares que se escondia. Era uma casa simples naquele ambiente de construções respeitadas. Tinha paredes pintadas de verde e detalhes, portas e janelas de branco. Os tons eram tão claros que denunciavam a impossibilidade daquela moradia coexistir de frente a um ambiente com o tanto de gás sujo que se desprendia dos constantes automotores.</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Eras possível que aquela casa sempre estivera ali?</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
O trajeto era comum ao observador, mas aquele detalhe não. A paisagem tão habitual ganhava um elemento totalmente novo. Como era possível ter deixado passar despercebido aquele oásis no meio daquela ordem tão caótica?</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
E mais absurdo ainda, como não ter notado algo que julgava tão bonito por tanto tempo?</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Pensou pouco.</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<br />
<div class="p1">
Colocou a culpa no barulho dos carros, na importância do supermercado e no valor do prédio, seguiu em frente repetindo pra si mesmo: aquela construção nunca estivera ali. Era quase uma oração.</div>
O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-47046978230061078452013-06-02T07:14:00.002-03:002013-06-02T07:14:29.641-03:00<div class="p1">
era adeus, quase um fica mais</div>
<div class="p1">
era um até mais, por pouco não se vá</div>
<div class="p2">
<br /></div>
<br />
<div class="p1">
já foi, quase pra sempre será</div>
O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-35466806509411974472013-03-28T09:36:00.002-03:002013-03-28T09:36:50.099-03:00O conto do homem das cavernas esperto<br />
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
Era uma vez a pré-história. Alguém chamou desse nome uma época há muito tempo atrás, mas muito tempo mesmo, que se podia ver por aí, dinossauros, tigres dentes de sabre e homens das cavernas. Quem estuda dinossauro diz que o homem nunca viveu junto desses monstrengos, mas nessa história não é assim que acontece. Acho mais legal fingir de conta.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
Nessa pré-história de faz de conta, havia um homem das cavernas muito esperto. De um dia pro outro, sem avisar pra ninguém, cismou de dar nomes pras coisas.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
No primeiro dia, olhou pra um lado e pro outro, e assim, sem pensar muito, disse: "TUDO". As pessoas, que também eram homens das cavernas, porque nessa época todo mundo era homem das cavernas, ficaram admiradas com o invento da palavra. E trataram de espalhar a novidade.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
Se você quiser saber como é que o homem das cavernas espalhava novidade nessa época, se não existia palavra, pergunte a quem estuda dinossauro. Eu não faço idéia. Se esqueceu que essa é uma histórinha de faz de conta? Vai que não aconteceu nada disso.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
Rapidinho a moda pegou. Era TUDO pra um lado. Era TUDO pra outro. Era um monte de gente querendo saber como é que se dizia.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
O homem das cavernas muito esperto ficou tão orgulhoso que no segundo dia começou a inventar mais palavras. E foi mais ou menos essa a ordem:</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
PEDRA, COMIDA, BICHO, PLANTA e, finalmente, HOMEM DAS CAVERNAS.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
Dessa vez tiveram mais dificuldade. É que nesse tempo as pessoas não estavam acostumadas a falar as coisas. Tinha gente que conseguia mais rápido, mas tinha quem não conseguia. Como estavam todos animados, o homem das cavernas muito esperto teve outra idéia.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
No terceiro dia inventou a palavra ESCOLA, junto de tantas outras novas. Nem todo mundo continuou animado. No terceiro dia, aquilo ia deixando de ser novidade. Como a moda já tinha pegado, as pessoas acharam que era feio não participar.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
Os dias começaram a passar tão rápido, que até pararam de contar, cada vez mais palavras iam sendo criadas. E o TUDO, pouco a pouco, ia deixando de ser TUDO. TUDO virava MAR, que virava PRAIA, que virava AREIA, que virava CONCHA.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
Um dia, um outro homem das cavernas inventor, vendo um monte de CONCHAS, teve uma idéia que achou boa. Juntou aquilo tudo com um cordão e fez um colar. Era tão bonito que todo mundo queria olhar e tocar. Como era novo mostrou pro homem das cavernas muito esperto pra saber o que era.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
Ele olhou pra aquilo e disse MEU.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
Guardou consigo e não deixou mais ninguém tocar, só olhar.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; padding: 0px;">
Foi pouco tempo depois que os homens inventariam a palavra NADA.</div>
O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-57449347458781973702012-07-06T15:10:00.001-03:002012-07-06T15:10:35.217-03:00O lado de fora<br />
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
Tudo que está do lado de fora não faz sentido</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
é absurdo, caótico. efeito sem causa.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
dor sem razão.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
pane sem motor.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
é vomito sem estômago. </div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
mau cheiro sem nariz.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
dor sem pele.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
final sem começo.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
Tudo aquilo que não sou eu.</div>
<div style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; padding: 0px;">
Todo o mundo, o resto de mim.<br /><br /><br /><i>Será que alguém ainda visita isso aqui?</i></div>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-21886109567366130082011-02-01T23:38:00.002-02:002011-02-01T23:48:46.339-02:00Apenas uma era feia<span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: small; ">Não dava pra calcular com precisão a hora que chegava. Você já sabe como é. Trabalhando em horário comercial nunca se tem certeza de quando vai-se conseguir chegar em casa. Concluímos juntos, sem explicações mais longas, que Laura Fernandes não era caso raro. A moça costumava passar a chave na porta da frente entre sete e trinta e seis, e oito e quarenta e cinco, nunca às nove.<br /><br />Esse tinha sido um dia pouco comum. Por qualquer desatino do destino, Laura passava a chave na porta da frente às sete horas e vinte e cinco minutos da noite. Quem chega cansado em casa sabe que qualquer adiantamento é uma glória. Se soubesse o que a esperava na encruzilhada da rotina, talvez aproveitasse pra olhar pra cima, assim repararia que nesse dia a poluição no seu céu tinha sido soprada pro leste e que uma ou outra constelação dava o ar da graça.<br /><br />Não sabia, não reparou.<br /><br />O animo que sentira com o adiantamento durou pouco mais que o tempo que ela levou para pendurar a chave no chaveiro. Sua rotina era religiosa e dez minutos não fariam tanta diferença assim. Tomava banho, preparava jantar, comia jantar, ia pro computador. Abria facebook, gmail, horóscopo, notícias e um ou outro link que recebia em um email engraçadinho. Falava com AninhaRJ, KARLA_morena, docinho_caseiro e um ou dois rapazes que serviam apenas para que ela esquecesse o chocolate dentro de sua boca.</span><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: small; "><br />Demorava um ou dois sites pra acontecer. Era entre um "ola" e outro ":)" que voltaria ao velho hábito que tinha de quebrar promessas. E com a frase: "Essa é a ultima vez"que Laura Fernandes conseguia a absolvição. Lá ia a moça acessar/fuçar/xeretar/analisar blog, perfil de orkut, piadinha infame no twitter, fotinha nova do facebook e tudo o mais possível de Júlio Andrade, seu ex namorado, 24 anos, olhos castanhos esverdeados, um pequeno desvio de septo nasal, cor preferida azul, mas em roupa era o laranja. O nome de sua mãe era tia Juliana e de seu pai seu Oswaldo Miranda, esse ultimo não era de muitas intimidades.<br /><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: small; ">O rapaz tinha escrito no seu blog, "Confissões Irregulares", há uns quinze minutos. O texto tinha apenas uma linha. "Amores" era o título.<br /><br /><br /><br />"De todas que amei, apenas uma era feia."<br /><br /><br /><br />Laura ficou passada, bege, chocada. "O que era aquilo?" iria perguntar pra AninhaRJ, "Como pude namorar com um rapaz capaz de expor algo daquele tipo pra todo mundo que pudesse ver? O blog de Julinho era acessado por 247 pessoas diariamente!" era o que perguntaria pra KARLA_morena, "Como pude ficar um ano e quatro meses com alguém tão desrespeitoso?" estava escrevendo na janela do ultimo cara que tinha elogiado a foto que tinha postado no seu flickr.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: small; "><br />Laura não concluiu nenhuma ação. </span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: small; "><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: small; ">E se a feia fosse ela?<br /><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: small; ">Olhou para os lados e não tinha quem perguntar. Mudou de aba, tentou prestar atenção em outra coisa, se perguntou se conhecia alguém que poderia responder aquela pergunta.<br /><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: small; ">Conhecia.<br /><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: small; ">E era Júlio Andrade em tudo quanto era janela. Estava em todos os lugares e em nenhum deles.<br /><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: small; ">Júlio tinha namorado quatro pessoas. A Aninha e a Carol não poderiam, aquelas vacas eram bonitas demais. Laura admitia aquilo entre os dentes.<br /><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: small; ">Podia ser a menina paulista, essa ela nunca tinha visto.<br /><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: small; ">Olhou para os lados e não tinha quem perguntar. Mudou de aba, tentou prestar atenção em outra coisa, se perguntou se conhecia alguém que poderia responder aquela pergunta.<br /><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial; font-size: small; ">Conhecia.<br /><br />Lfernandes diz: oi, xuxuuu. quanto tempo? =)<br />julinho diz: ola, ola. Como anda a moreninha?<br />Lfernandes diz: tudo bem<br /> to escrevendo pra vc matar uma duvida minha<br />julinho diz: Achei que iria me chamar pra sair. rsrs<br />Lfernandes diz: rsrs<br /> bobo<br />julinho diz: =P<br /> é assunto sério?<br />Lfernandes diz: nããããão... bobeira<br /><br /><br />SILÊNCIO<br />Lfernandes diz :Aquele texto no seu blog é pra mim?<br />julinho diz: Claaaro que não...<br /><br /><br /><br />ALÍVIO<br />julinho diz: eu nunca amei nenhuma namorada.</span></div>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-66535373707657766752010-10-09T11:57:00.004-03:002010-10-09T12:52:07.359-03:00Pelo que?O homem corria.<div><br /></div><div>No meio do que contabilizava um dia de vida se percebia atrasado para o segundo trabalho. "Logo hoje!" Corria, lamentando ter sido um dia que poderia contabilizar sucesso. O patrão tinha gostado de tudo que tinha proposto na reunião, feito na sua mesa e finalizado no seu quadro obrigações.</div><div><br /></div><div>O homem sofria.</div><div><br /></div><div>Naquela idade já tinha se acostumado a dores súbitas e insistentes, mas naquele momento a palpitação só fazia aumentar. Gotas de líquido salgado brotavam constantemente de sua testa. "Logo hoje!" Tinha acordado tão bem, sem dor nenhuma, sua vista estava até mais nítida. </div><div><br /></div><div>O patrão deu tapinhas na suas costas pouco antes dele ir embora, dando parabéns pela idéia anterior e até a secretaria boazuda deu risada para suas piadas.</div><div><br /></div><div>Com a recepção tão calorosa da piada, acabou se estendendo demais. No momento não sabia se sentia orgulho ou se amaldiçoava o descuido. O fato é que agora metade do mundo tinha acabado e que tinha que dar conta de todo resto.</div><div><br /></div><div>Era falta de ar. Era o medo. Transpirava mais. Os passos se arrastavam mais. A cabeça girava mais. </div><div><br /></div><div>Pontos escuros apareciam a sua frente.Por que escolhera aquele caminho vazio pra dar uma volta?Pra que precisava de atalho?Pressa pra que?Por que tinha saido de casa?Será que era assim que as pessoas se sentiam antes de morrer?Por que não procurava mais seu filho?Quantos anos deveria ter seu neto agora?Por que deixou de falar que amava a esposa perto de seu falecimento?E por que, ó deus, por que tirou da bolsa da Professora Carminha aquele dinheiro quando ela foi conversar com a diretora?</div><div><br /></div><div>Tinha perdido a condução das 15h30. Agora estava oficialmente muito atrasado. "Droga!" Talvez tivesse sorte, se corresse e pegasse o ônibus no meio do trajeto. Escolheu um atalho. Na rua que passava só havia mais uma pessoa.</div><div><br /></div><div>No momento em que a vista do homem embaçava e as poucas forças que tinha nas pernas falhavam, ele sentiu esperança. Já tinha desistido de manter-se em pé quando um homem dobrava a esquina. Não era um daqueles negrinhos marginais de quem não poderia se esperar nada. Era um sujeito de boa aparência, branco e bem vestido, apressado era verdade, decerto um sujeito trabalhador. </div><div><br /></div><div>"Me ajude". Falava nos sopros que lhe restavam. "Me ajude, meu filho. Por favor."</div><div><br /></div><div>Assim que dobrou a esquina viu aquela cena. Deplorável o velho andava vagarosamente com a mão no peito. Não era daqueles senhores saudáveis e simpáticos que todos queriam para avôs. Era um velho raquitíco e com cara de rabugento, com roupas estranhas e que não combinavam entre si, tampouco com a data vigente. Não sabia o que faria se ele desmaiasse. Torceu para que ficasse de pé.</div><div><br /></div><div> "Me ajude". Falava nos sopros que não poderia desperdiçar. "Me ajude, meu filho. Por favor."</div><div><br /></div><div>Naqueles átimos de segundo, que só desperdiçava por que pensar não excluia andar apressado, concluiu que não havia ninguém para julgar a sua apatia e muita gente para julgar o seu atraso. Torceu para alguma outra boa alma chegasse e levantasse o senhor, chamasse uma ambulância, abraçasse o velho e dissesse boas palavras como "Tudo vai ficar bem, o senhor, vai ver", enquanto desse sopa na sua boca.</div><div><br /></div><div>O fato é que agora todo aquele inteiro de mundo tinha acabado e que tinha não tinha mais nenhum resto para dar conta. O homem caido no chão sem força para gritar, sem força para respirar, sem força para ser coisa alguma olhava o homem e se perguntava. </div><div><br /></div><div>"Por que?"</div><div><br /></div><div>Quando chegou no trabalho, transpirando e menos atrasado do que se tivesse parado, inventou uma história absurda onde tinha encontrado um senhor passando muito mal e a assistencia o fez atrasar-se. O patrão número dois, obviamente não acreditou muito naquela justificativa esfarrapada. O homem não conseguia chegar cedo nunca e seu desempenho estava muito aquém do esperado.</div><div><br /></div><div>Claro que o esperado era algo que era algo além, muito além do possível para o homem.</div><div><br /></div><div>Muitos anos depois, no momento derradeiro, entre tantas perguntas o homem olha pra si mesmo e pergunta por que não chegou mais atrasado naquele dia.</div><div><br /></div><div>"Por que?"</div>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-12176257321521288872010-07-06T23:52:00.005-03:002010-07-08T20:32:49.046-03:00Engano<span class="Apple-style-span" style=" border-collapse: collapse; font-family:arial, sans-serif;font-size:13px;">A rua até que estava vazia, o que dava a Alfredo tempo suficiente pra se deter nas minuncias da camisa estampada com calhambeques do sujeito que vinha em sentido oposto. Antes mesmo que ele tivesse tempo de refletir sobre seu amor por automóveis e se perguntar sobre onde poderia comprar uma roupa parecida, aparece um gordinho logo atrás vestido do mesmo jeito.<br /><br />Suzana namorada de Alfredo ao ver o olhar perdido do rapaz enquanto se perguntava quais eram as chances de uma coisa daquelas acontecer, percebeu que o olhar do rapaz mirava uma loura com qualidades californianas. As púpilas de Alfredo estavam dilatadas.<br /><br />Enquanto passava pelo casal em briga, Joanna Kelly, loura com atributos frontais invejaveis mais pela qualidade do decote escolhido no dia do que por talento genético, escolhia Suzana como heroína particular. Concluí que também pode ser uma mulher com mais atitude e logo passa a mão no seu celular rosa choque brilhante-neón.<br /><br />No escritório particular, o Sr. Paulo, ocupado e com as qualidades auditivas reduzidas, nem se dá conta do telefone móvel vibrando logo ao seu lado. Está mais preocupado com as dívidas espalhadas sobre a mesa sem muito sentido com a vida que leva e com a amante que não se satisfaz com menos do que muito.<br /><br />Sua esposa, conscientemente, esquecida da deficiência do marido fica feliz com sua indiferença com o número já conhecido e agradecida dá um beijo na careca do homem, que sorri enquanto com um movimento furtivo se permite esconder os papeis que tanto mexia.<br /><br />Renatinha, filha de Roberta, a empregada da casa, enquanto passa ao lado do aposento vê o casal maduro e apaixonado, sorri e diz pra sua mãe.<br /><br />-Já sei o que quero ser quando crescer.<br /><br />A mãe já concluindo que sua filha tinha decidido casar com um homem de posses e ficar bem de vida, já quase planejando a conversa com as amigas fofoqueiras da rua das Marrecas se pega surpresa quando a menina interrompe suas certezas.<br /><br />-Quero ser feliz.</span><div><span class="Apple-style-span" style=" border-collapse: collapse; font-family:arial, sans-serif;font-size:13px;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style=" border-collapse: collapse; font-family:arial, sans-serif;font-size:13px;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style=" border-collapse: collapse; font-family:arial, sans-serif;font-size:13px;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style=" border-collapse: collapse; font-family:arial, sans-serif;font-size:13px;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style=" border-collapse: collapse; font-family:arial, sans-serif;font-size:13px;"><i>Vale como retorno... Tem um bom tempo mesmo que não escrevia...</i></span></div>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-35288838474742785882009-10-30T08:46:00.003-02:002009-10-30T08:54:59.035-02:00oãmartnocGabriel era sujeito de cabeça que se sabia prática.<br /><br />Pois que ainda em caráter de pequeno aprendeu que o trânsito tinha sentido. A experiência ensinou e ele aprendeu a atravessar a rua olhando para o sentido que os carros vinham.<br /><br />morreu atropelado na contramãoO empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-3127006997105552182009-10-21T13:59:00.016-02:002009-10-21T23:35:26.118-02:00Momento diário - Liniers<div style="text-align: justify;">Eu sempre fui uma criança empolgada. É de natureza. Vejo algo que me emociona, ou que me impressiona muito, e quero correr e gritar pros quatro pontos cardeais. Me sinto extremamente responsável em dividir aquilo, o maravilhoso, o genial, com os outros. É como se achasse um absurdo e falta de consideração com aqueles que amo alijá-los de algo tão importante. Tipo um revolucionário exigindo melhor distribuição de renda.</div><br />No entanto, no decorrer da idade a gente vai percebendo que aquilo que nos derrete nem sempre os derrete... Por vezes as diferenças de gosto são tão grandes que o espetacular se torna entediante para o outro. Me confesso desanimado com o fato, e por fim acabei aprendendo a guardar essas micro explosões dentro de mim. Acho que isso me ajuda a compreender as religiões que pregam a conversão dos mundanos. Diferente deles escondo meus gritos empolgados com um sorriso tímido no rosto.Vez ou outro acho alguém com espírito parecido comigo, em sincronia em alguns pontos, e me permito, com voz abafada partilhar daquilo que considero importante. É raro, mas acontece.<div><br /></div><div>Mesmo assim é difícil a empolgação ser minimamente equivalente e assim, no meio desse mundo de gente grande com vozes aveludadas, me sinto o escritor e aviador Antoine de Saint-Exúpery. O autor do Pequeno Príncipe tinha dificuldades em encontrar alguém que não confundisse desenho de chapéu com cobra engolindo elefante *.</div><div><br />Mas hoje vou abrir uma pequena excessão e vou espalhar algo que considero brilhante. Que se dane se você não se importar, hoje me permitirei o moleque de cabeleira vermelha que detestava pentear o cabelo e que saia todo destrambelhado tropeçando por ai...<br /><br />Conheci esse argentino há bem pouco tempo e já sou apaixonado pelo seu trabalho. Meu objetivo na vida é atingir em qualquer coisa que faça o que ele é capaz com suas tiras.<br /><br /><div style="text-align: center;"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBHWFoHIT9bi0tf11bMdMILK1Z58uJRIHeoS8Fvv8h55CX9SfLAP8jY-8YgC0Gl7zY3nOVV6tgT1Y0jSwNmUaiyukTemMXgXI1CWs1HcIRp4pWJbs9pjw0TUs45q_c-TuU8kKz/s400/liniers01" style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 157px;" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5395227717269400178" /><br /></div><br />O nome desse artista é Liniers e ele já tem dois albuns traduzidos para a língua tupiniquim. Além disso, pra quem não tiver muito problema com o idioma espanhol, como eu tenho, vale dar uma olhada no seu blog http://autoliniers.blogspot.com/. Atualizado diariamente o desenhista publica uma tira por dia.**<br /><br /> ..................................................................................<br /><br /><br /><span style="font-style: italic;">*Criou-se um preconceito sobre "O Pequeno Príncipe" desde que modelos e top models o apontavam como livro preferido. Eu arrisco em dizer que se essas moças lêem mesmo, e compreendem, o livro não podem ter a cabeça tão vazia como o preconceito dita.</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">**Apesar de ter problema com o espanhol eu me dobro todo pra conseguir ler suas tiras. É impressionante, mas já tenho percebido evoluir minha compreensão na língua latina..</span></div>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-2875237938477148162009-09-18T11:44:00.009-03:002009-09-18T15:18:28.020-03:00As três escolhas de felício dos prazeres<span style=";font-family:'Times New Roman';font-size:130%;" class="Apple-style-span" ><div style="border-width: 0px; margin: 0px; padding: 3px; width: auto; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; font-size: 100%; line-height: normal; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; text-align: left;">Era um rosto que carregava uma expressão de dor sem fim. O sofrimento e a miséria já deixavam marcas bem antes da vida o carregar de tal fardo. O mundo, que era aquilo tudo que saia dos domínios do corpo já estava destinado a assombrá-lo desde antes de entender o que era ser aquilo que ficava do lado de dentro daqueles olhos grandes e sombracelhas arqueadas.<div><br /></div><div>Seu nome era uma daquelas grande irônias da vida, Felício dos Prazeres era tudo menos feliz. Era possível dissertar e criar categorias diversas pro sofrimento só de analisar superficialmente a vida do pobre coitado, mas não dava pra escrever nem uma linha sobre prazer.<br /><br />felício, morava com mãe e dois irmãos. Metade pra não ouvir mais a mãe reclamar que não fazia nada e metade porque era o que se esperava que fizesse arrumou um serviço como favor de vereador importante. Na verdade nem tão importante assim, se chamava Juca da pipoqueira. O nome do emprego dentro de felício era varredor de chão, mas pra fora preferia o que considerava mais pomposo e de importância: Auxiliar de Serviços Gerais.</div><div><br /></div><div>-ôxiliar de serviço gerais, ôxiliar de serviço gerais. mas o que é que isso faz, ô felício?</div><div>-poquin de tudo, não disse.</div><div><br /></div><div>E assim, sem nenhuma maiuscula, tratava de mudar de assunto<br /></div><div><br /></div><div>Não era sujeito de traquejo social, era daqueles que quando tinha folga não saia do boteco da esquina, metade porque era o se esperava que fizesse e metade por que ali era a única forma que conhecia de fugir da própria vida.<br /><br />Sem ninguém que pudesse chamar amigo, felício ria de todas as piadas que faziam do seu rosto triste quase cômico, metade por que não entendia o que diziam e metade por que era o que se esperava que fizesse. Não se podia dizer que era uma pessoa má, mas também não poderia se dizer que era bom. O mais justo, se é que se tem justiça no que se proseia cá, era dizer que o sujeito era nada.</div><div><br /></div><div>Numa dessas irônias da vida, eis que aparece na vida do moço Maria Aparecida. Diferente de felício a moça não tinha sido marcada pra tristeza na barriga da mãe, pois ganhou um olhar infeliz só quando descobriu que era por falta de vaga de princesa que acabou por plebéia. Não gostava de felício, mas aceitou casar com ele mesmo assim. E ele casou com ela metade porque queria sair de sua casa e a outra metade porque era o que esperava que fizesse.<br /><br />Foi um dia desses qualquer, que acontecem todo dia, que felício pela primeira vez na vida cismou ter direito de reclamar da dor de dente que sempre tivera, sabe se lá Deus porque, no trabalho. O chefe, depois de argumentar com aquela razão simples e sem sentido de quem acha que tá sempre sendo passado a perna com um "mas você nunca passou mal antes", viu que era por bem liberar o sujeito mais cedo.<br /><br />Pois que só assim que felício descobrira a sujeira que vinha acontecendo na sua própria cama há alguns meses. Pois que a família da Maria vinha acobertando a sem vergonhice da moça que arrastava, vejam só, Juca da pipoqueira todos os dias, depois do almoço para a própria cama. Se a família da moça sabia, era porque desde que felício e Maria tinham se casado, moravam em puxadinho.<br /><br /> .............<br /><br />Felício naquela hora se decidiu sujeito. Batendo em tudo que era tudo que via pela frente, enquanto o Juca confundia ziper com botão, entrou no quarto com uma faca de pão e desceu o braço no passivo. Era sangue em cama, lençol e travesseiro.<br /><br />Foi encontrado pela polícia no bar todo ensanguentado. Ninguém ria dele.<br /><br /><span><span class="Apple-style-span"><br /> .............<br /><br />Felício na hora se decidiu sujeito. Como se nada estivesse acontecendo, passou sem quase fazer barulho, coisa que sabia fazer muito bem, mergulhou as roupas dentro da mala e foi se embora catar um dentista e uma vida que fosse pra si mesmo, exatamente nesta ordem.<br /><br />Diz-se por ai que virou pastor cristão, que vem arrebanhando ovelhas pra Igreja do Santo Milagre do Amanhecer. O vereador está no seu terceiro mandato, com seus três filhos e sua esposa, dona Suelly das Dores. Da Maria Aparecida não se sabe mais.<br /><br /></span></span><span><span class="Apple-style-span"><br /> .............<br /><br />felício olhou aquilo tudo e ficou sem saber o que fazer. Em um dos seus primeiros momentos de clareza entendeu que aquilo era culpa sua. Pois que não deveria ter chegado em horário que não se esperava que chegasse.<br /><br />Foi pro boteco da esquina e até hoje fica rindo das piadas sobre si mesmo. Metade porque não as entendia e a outra metade porque só assim esquecia de si mesmo.<br /><br /><span style="font-style: italic;">Eu tinha começado esse texto há muito tempo mesmo. E agora catando uns escritos mais antigos decidi, por bem, terminá-lo. Não sei se atinjo meu objetivo inicial com ele, mas fico feliz por ter conseguido terminar um texto mais antigo abandonado.<br />Não são com todos que consigo fazer isso.<br />=)<br /></span></span></span></div></div></span>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-75246090505145478092009-08-14T10:20:00.011-03:002009-08-19T12:35:28.577-03:00Zuleica Maria era infelizFeia como que um absurdo, Zuleica Maria explodia palavrões pra fora. Eram impropérios que fugiam, escoavam, escorriam por descaber de dentro da boca. Como que juiza-Deus do que era feio ou belo se danava a recorrer explicações diversas pra afirmar, com a popular ciência de falar mal de algo para se fazer de entendido, que Juju Morazinho nem tinha tamanha belezura como que o digníssimo quero-quero pedro martins.<br /><br />E enchia o ar com qualquer raivocidade que conseguia tirar de dentro do seu peito enquanto todos aqueles ouvidos vizinhos, já aborrecidos com tantas formas diferentes de se falar a mesma coisa, tentavam captar qualquer outro ruído que fosse.<br /><br />Tarefa mais impossível não havia e isso era tão fato que nem cabia em jornal de tão pouca importância que tinha.<br /><br />Era fato, mas não era fatídico.<br /><br />Fato também era que Zuleica Maria não era cabível em muitas coisas. Além de feia e mal educada. Ela guardava duas coincidências com a família dos suínos. Fazia pouco caso de sabonetes, perfumes, pastas de dentes e afins, e tinha um corpo que só por ser metido a besta chamarei de king sized.<br /><br />Como que agradescendo pelo possível fato de não ter espelho em casa. Zuleica Maria só fazia esquentar as orelhas da feliz Juju Morazinho. Por mais que a desprovida de qualquer beleza esbravejasse, gritasse, se indignasse Juju Morazinho e pedro martins ficavam cada vez mais felizes com o casório que ia chegando.<br /><br />Zuleica Maria tinha aprendido há muito tempo a desdenhar do sorriso alheio. Descobriu nessa arte uma maneira de substituir o gosto de vitória que nunca tinha conhecido. Não era como que quisesse Pedro Martins para si mesma. Sabia que não o teria, a pobre nunca tinha feito do coração de outrem presa.<br /><br />A infeliz não o queria pra ninguém.<br /><br />No fundo, como qualquer pessoa comum, ela também queria um tantinho só que fosse de poesia na sua vida, mas Zuleica Maria não era religiosa o suficiente pra acreditar no que não pudesse ver.<br /><br /><br /><br /><span style="font-style: italic;">Essa é meu segundo texto com uma Maria como personagem. Já escrevi sobre a Maria que não era nem feia e nem bonita e agora escrevo sobre a Maria feia. Me empolguei em escrever também futuramente sobre uma Maria bonita. Quem sabe assim fecho a trilogia das Marias.</span><br />=)<br /><br /><span style="font-style: italic;">Pra quem quiser conhecer a outra Maria:</span><br /><span style="font-style: italic;">http://empirismoemprosa.blogspot.com/2007/03/ana-maria-da-costa-da-silva.html</span>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-77232624728188523532009-07-30T09:57:00.003-03:002009-07-30T10:04:04.910-03:00Entre pontos e sem vírgulas.a vida não parou pouquinho para sarar<br /><br />ainda era quinta feira<br />o cotovelo se rompe<br />coloca uma tala<br /><br />diz adeus para o vento<br />manda beijos para o nada<br />e deseja boa sorte para o incerto<br /><br />era sonho<br />logo quando se acorda esquece.O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-15309823137607525962009-07-24T17:56:00.003-03:002009-07-24T18:09:54.502-03:00Sobre si mesmoO homem criou casas em volta de si,<div>O homem vestiu roupas em seu corpo,</div><div><br /></div><div>O homem olhou para aquilo e não dizia nada sobre si mesmo.</div><div><br /></div><div>O homem abriu o corpo com bisturi,</div><div>O homem descreveu os seus sonhos,</div><div>O homem foi para bem longe,</div><div><br /></div><div>E mesmo assim não fazia a mínima idéia do que poderia ser.</div><div><br /></div><div>O homem então criou nomes para que pudesse ser chamado de tudo aquilo que não era.</div><div>E desistiu de si mesmo.</div><div><br /></div><div><i>A história sobre esse texto é estranha. Fui começar a ler Coraline e peguei no sono. Tive um sonho em que procurava algo ou alguém sem ter certeza se inventava ou lia aquilo que acontecia e nesse ponto percebi que não importava se estava inventando ou lendo, a história estava acontecendo. Depois fui sendo perseguido por uma criatura com botões no lugar de olhos e acordei de um susto.</i></div><div><i><br /></i></div><div><i>Esse texto apareceu na minha cabeça assim que despertei, provavelmente por ter sido tocado por um trecho do livro onde Coraline e o gato debatem sobre a importância de nomes. Fiquei meio que estático enquanto não registrei isso aqui... </i></div>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-52272491555705186652009-07-19T19:27:00.005-03:002009-07-19T19:42:07.283-03:00Sistematizando- Pois então, acho que no mínimo tem que ser uma pessoa extraordinária, sabe? Não quero alguém do senso comum. Uma pessoa com opiniões simples pro que todo mundo acha complicado e que venha com um conjunto de meia dúzia de conclusões loucas pro que todo mundo acha normal, do dia a dia... Tem que ser alguém que me inspire e com quem eu possa ter as conversas mais loucas. Alguém que eu sinta necessidade de ficar conversando horas a fio e que não venha com aquela de "Sobre isso não se fala". Quero vê-la depilando a perna e até cagando, apenas por que aquilo é real. Quero alguém que seja de verdade, mas que não precise provar a sua realidade.<div>Por que, como o senhor deve saber, o real não é o mediocre.</div><div>Ah, também tem que ter sincronia no beijo. Sabe como é, tem que rolar carne na parada. O senhor sabe o que é sincronia no beijo?</div><div>Ah, lembrei... Também tem que rolar cumplicidade, por que a cumplicidade...</div><div><br /></div><div>- Rapaz, o programa tem as suas regras e seu tempo será limitado. Tenho certeza que você pode entender isso</div><div><br /></div><div>-hmmm, então eu posso dizer...</div><div><br /></div><div>-Responda apenas: "Procuro alguém que seja sincera, carinhosa e que goste das mesmas coisas que eu."</div>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-71875850737914756382009-05-22T10:12:00.006-03:002009-05-22T12:46:49.364-03:00Aquilo tudo cinza antes do acontecerMomento cinza: soma de pequenos instantes não passiveis de medida que precendem o movimento on do on/off do computador. E era. Existia O olhar que refletia, julgava, apontava naquela monotonia que era o não acontecer.<br /><br />E sabia, intuia, conhecia, embora evitava, que cinza também era o pensamento do momento cinza.<br /><br /><div style="text-align: right;"> Não acontecia<br /> existia?<br /></div><br />Turn on: luzes, sons, símbolos e o raio que o parta de tudo que não era, mas por fim era, o despertavam da crédula, consciente e cruel mediocridade que se insinuava sobre si em pantera sensual, piranha e marginal e agressiva e filha da puta.<br /><br />Era e não era diante daquilo tudo que não é, tem luz e se crê.<br /><br />ícone+clique(um só, é um Mac)+programa=música, estranho, por vezes a solução de toda uma vida era a canção certa,<br /><br />Sabia de photoshop e de Coreldraw e desenhou portinhola. Arremessou cadeira de rodinhas e foi com os pés pra lá.<br /><br />Foi morar na canção e nunca mais foi visto por aqui.<br /><br />Epílogo: obviamente perdeu a recisão contratual e seu fundo de garantia ficou retido na Caixa Econômica Federal.<br /><br /><div style="text-align: right;"> Aconteceu<br /> E foda-se por isso!</div>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-81057109836633272532009-05-17T21:18:00.006-03:002009-05-20T22:25:14.039-03:00sol e lua<span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';"><div face="Georgia,serif" size="3" style="border-width: 0px; margin: 0px; padding: 3px; width: auto; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal; font-size-adjust: none; text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'trebuchet ms';">- Como podes, astro, me alumiar tanto se só me sabes de muito longe?</span><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'trebuchet ms';"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'trebuchet ms';">- É porque te invento.</span></div></div></span>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-22341827960981267872009-05-11T09:26:00.012-03:002009-05-12T09:56:38.249-03:00Os quatros pretendentes da plebéiazinhaEra uma vez uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">plebéiazinha</span>*. Um dia muito aborrecida em casa pediu que seu pai assentisse que fosse <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_1">passear</span> pra longe. O pai que <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_2">amava</span> muito a sua filha permitiu que ela fosse desde que não passasse da floresta.<br /><br />A <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">plebéiazinha</span> foi então. No caminho encontrou um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">princepezinho</span> muito formoso com quem no seu caminho trocou olhares.<br /><br />Ele não parou,<br />ela se apaixonou.<br /><br />Como que era <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">plebéiazinha</span> desandou em chorar e um beija-flor, que na verdade era fada, vendo aquilo tratou de consolar a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">pobrezinha</span>.<br /><br />"Menina, não chores. Na quarta vez que ver a pessoa que ama, casarás.<br />Mas haverá de aproveitar esse tempo, pois que viverá apenas mais um ano depois do acontecimento."<br /><br />A <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">plebéiazinha</span> não se importou com o pouco tempo e ficou feliz a imaginar o <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_8">matrimonio</span>.<br /><br />Eis que o tempo passa e nada do <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">princepezinho</span> aparecer novamente e assim não tardou muito para que a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">plebéiazinha</span> se sentisse aborrecida mais uma vez. Foi ter com o pai e pediu que a deixasse <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_11">passear</span> mais longe. O pai, mesmo preocupado com a filha indo tão longe, consentiu que ela fosse desde que não passasse do rio.<br /><br />A <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">plebéiazinha</span> foi então. No caminho encontrou um poeta cheio de palavras que pediu que se casassem. Ela disse que não, pois esperava que outro viesse e o triste poeta foi-se embora com tristes palavras.<br /><br />Passado mais algum tempo e a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_13">plebéiazinha</span> ficava mais uma vez aborrecida, pois o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_14">princepezinho</span> ainda não havia aparecido. Foi ter com o pai mais uma vez procurar conselhos sobre lugares que ainda não havia conhecido. O pai falou que era pra ir se quisesse, mas que achava melhor que não passasse das montanhas.<br /><br />A <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_15">plebéiazinha</span> foi então. No caminho encontrou um filósofo cheio de razões que pediu que casassem. Como da outra vez ela respondeu que não, pois esperava que outro viesse e o filósofo foi-se tentando com suas tristes razões entender o triste acontecimento.<br /><br />Como que não era mais novidade a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_16">plebéiazinha</span> ficou mais uma vez aborrecida. Dessa vez não falou com o pai e disse que casaria com o primeiro que passasse o caminho.<br /><br />A <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_17">plebéiazinha</span> passou das montanhas dessa vez e cruzando no caminho com um plebeu logo o pediu em casamento. Ele surpreso com o sucedido respondeu da seguinte forma.<br /><br />"Ó, que acontece mesmo o esperado, pois que nos tempos de minha <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_18">infância</span> a vi passar no meio de meu caminho e me apaixonei. Na época, mesmo com todo tempo do mundo fiquei sem palavras e com medo preferi seguir meu caminho.<br /><br />Depois sentei em cima de uma pedra e comecei a chorar, pois achei que nada mais tinha no mundo que pudesse querer. Um beija-flor se comoveu comigo e disse-me que era pra ter paciência, pois seria a dama que viria me pedir em casamento.<br /><br />Mais tarde, ainda moço, quando me sobravam palavras e me faltavam razões, nossos destinos se cruzaram mais uma vez. Me enchi de coragem, me esvaziei de paciência e pedi sua mão e uma vez você recusou<br /><br />Depois de algum tempo, quando eu tinha as razões e as palavras certas, por acaso nos encontramos de novo, vendo que a senhora não vinha me oferecer aliança ou coisa que o valha, perdi a paciência e pela segunda vez você recusou meu pedido.<br /><br />Pois agora vejo que o beija-flor era sábio e não sei se fico feliz ou triste com o sucedido, pois que agora na minha velhice não tenho mais nada pra oferecer a senhora tão formosa."<br /><br />A <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_19">plebéiazinha</span> ficou tão feliz com aquilo que sempre foi seu sonho a se realizar que aquele um ano durou mais que sua vida inteira, mais que o sempre. E nunca faltaram palavras, razões ou qualquer tudo para justificar tanta felicidade.<br /><br /><span style=""><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">Isso meio que surgiu de minha mente e eu, assaltado, tive apenas o trabalho e a obrigação de registrar. Surgiu influenciado </span><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_20"><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">diretamente</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"> pelo livro Contos Populares Portugueses que venho lendo.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"><br /><br /></span><span style=""><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">*Não sei se essa é a grafia certa para "</span><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_21"><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">plebéiazinha</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">", mas acontece que gostei de escrever dessa forma e assim ficou.</span></span>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-67040415156977281032009-05-09T14:03:00.004-03:002009-05-09T14:06:09.719-03:00<span class="Apple-style-span" style=" line-height: 17px;font-family:Verdana;"><span class="Apple-style-span" style=" line-height: normal; white-space: pre-wrap; "><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Gosto de olhar pros meus pés </span></span></span><div><span class="Apple-style-span" style=" line-height: 17px;font-family:Verdana;"><span class="Apple-style-span" style=" line-height: normal; white-space: pre-wrap; "><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">lembro que sou responsável por onde chego </span></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana; white-space: pre-wrap;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><br /></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana; white-space: pre-wrap; "><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Gosto de olhar pro céu </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style=" line-height: 17px;font-family:Verdana;"><span class="Apple-style-span" style=" line-height: normal; white-space: pre-wrap; "><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">descubro até onde minha vista alcança.</span></span></span></div>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-13406287.post-25182398530954724122009-04-26T11:20:00.007-03:002009-04-26T13:12:51.853-03:00Beatriz da Fonte Seca SóEssa é a história de Beatriz da Fonte Seca e de Carlos Barcas, ou é a história Só da Beatriz da Fonte Seca, já que de Carlos mesmo, o Físico, tem muito pouco. Por outro lado, penso que talvez seja complicado chamar essa história de Só da Beatriz da Fonte Seca, já que a pobrezinha não tinha controle nenhum sobre a forma como os acontecimentos se desenrolavam.<div><div><br /></div><div>Foi assim que sucedeu.</div><div><br /></div><div>Beatriz da Fonte Seca Só acontecia quando via Carlos Barcas Físico. As palavras de um eram como que cartas que encontravam destinatário certo no outro. A menina ia somando infinito com infinito e via, sem muito esforço, que se colocasse Beatriz da Fonte Seca com Carlos Barcas em fogo brando juntos em uma panela grande, iria ter um lauto banquete que orgulharia só pelo cheiro. Só.</div><div><br /></div><div>Acontece que se na conta que tinha feito tinha o infinito, o número de vezes que Beatriz da Fonte Seca e que o Carlos Barcas Físico se encontravam era bem finito. O reduzido era de só umas duas ou três vezes. Só.</div><div><br /></div><div>Mas Beatriz Só era uma mulher de dotes. Era mesmo, pois além de cozinheira de mão cheia sabia bordar como ninguém. Esses dotes ela não fazia quando era obrigação, só gostava mesmo quando estava inspirada. Só.</div><div><br /></div><div>Só Beatriz bordava igrejinha em cima de colina tão bonita, o dia tinha sol e núvem, e os convidados ficavam todos dentro do templo que apesar de pequeno dava pra uma infinidade de gente. Tanto era que as mães perdiam suas cabeças enquanto brigavam com as crianças para que ficassem sentadas nos bancos enquanto esperassem. Beatriz ficava do lado de fora, esperando Carlos Imaterial chegar, Só.</div><div><br /></div><div>Só Beatriz bordava casa com parede pintada de branco com tanto esmero. Tinha grama e cachorro, e as crianças corriam de um lado pro outro dentro da casa arrumada. Era uma gritaria só. Beatriz e Carlos cismaram, na doideira mesmo que é a vida, de terem cinco filhos. Quem disse que era fácil aquela história de procurar aquela criançada toda pra dar banho ou colocar dentro de ônibus escolar? Quando finalmente se conseguia arrumar quatro, uma sumia. Quando achava uma, todas as outras estavam correndo em desalinho. Beatriz esperava na cozinha, Carlos Imaterial chegar do trabalho, Só.</div><div><br /></div><div>E aquela história que não era da Beatriz de verdade, já tinha tantos bordados que a Beatriz Só percebia que nem lembrava mais do Carlos Barcas Físico. Pois que tinha acontecido a tantos bordados atrás, que ela procurava em vão pelo Carlos Original apenas tentando lembrar do que se tratava aquele monte todo de pano. E foi que Só se encontrou. Só.</div><div><br /></div><div>Demorou um tanto até que a Beatriz da Fonte Seca encontrasse qualquer Carlos bordado em qualquer canto. Sim, ele estava lá, mas não era em qualquer lugar. Beatriz Só o tinha bordado no lado esquerdo do peito. Aquilo era Físico sim, mas não era Carlos.</div><div><br /></div><div>Era Beatriz, Só.</div></div>O empíricohttp://www.blogger.com/profile/00877172217178552048noreply@blogger.com6