11.5.09

Os quatros pretendentes da plebéiazinha

Era uma vez uma plebéiazinha*. Um dia muito aborrecida em casa pediu que seu pai assentisse que fosse passear pra longe. O pai que amava muito a sua filha permitiu que ela fosse desde que não passasse da floresta.

A plebéiazinha foi então. No caminho encontrou um princepezinho muito formoso com quem no seu caminho trocou olhares.

Ele não parou,
ela se apaixonou.

Como que era plebéiazinha desandou em chorar e um beija-flor, que na verdade era fada, vendo aquilo tratou de consolar a pobrezinha.

"Menina, não chores. Na quarta vez que ver a pessoa que ama, casarás.
Mas haverá de aproveitar esse tempo, pois que viverá apenas mais um ano depois do acontecimento."

A plebéiazinha não se importou com o pouco tempo e ficou feliz a imaginar o matrimonio.

Eis que o tempo passa e nada do princepezinho aparecer novamente e assim não tardou muito para que a plebéiazinha se sentisse aborrecida mais uma vez. Foi ter com o pai e pediu que a deixasse passear mais longe. O pai, mesmo preocupado com a filha indo tão longe, consentiu que ela fosse desde que não passasse do rio.

A plebéiazinha foi então. No caminho encontrou um poeta cheio de palavras que pediu que se casassem. Ela disse que não, pois esperava que outro viesse e o triste poeta foi-se embora com tristes palavras.

Passado mais algum tempo e a plebéiazinha ficava mais uma vez aborrecida, pois o princepezinho ainda não havia aparecido. Foi ter com o pai mais uma vez procurar conselhos sobre lugares que ainda não havia conhecido. O pai falou que era pra ir se quisesse, mas que achava melhor que não passasse das montanhas.

A plebéiazinha foi então. No caminho encontrou um filósofo cheio de razões que pediu que casassem. Como da outra vez ela respondeu que não, pois esperava que outro viesse e o filósofo foi-se tentando com suas tristes razões entender o triste acontecimento.

Como que não era mais novidade a plebéiazinha ficou mais uma vez aborrecida. Dessa vez não falou com o pai e disse que casaria com o primeiro que passasse o caminho.

A plebéiazinha passou das montanhas dessa vez e cruzando no caminho com um plebeu logo o pediu em casamento. Ele surpreso com o sucedido respondeu da seguinte forma.

"Ó, que acontece mesmo o esperado, pois que nos tempos de minha infância a vi passar no meio de meu caminho e me apaixonei. Na época, mesmo com todo tempo do mundo fiquei sem palavras e com medo preferi seguir meu caminho.

Depois sentei em cima de uma pedra e comecei a chorar, pois achei que nada mais tinha no mundo que pudesse querer. Um beija-flor se comoveu comigo e disse-me que era pra ter paciência, pois seria a dama que viria me pedir em casamento.

Mais tarde, ainda moço, quando me sobravam palavras e me faltavam razões, nossos destinos se cruzaram mais uma vez. Me enchi de coragem, me esvaziei de paciência e pedi sua mão e uma vez você recusou

Depois de algum tempo, quando eu tinha as razões e as palavras certas, por acaso nos encontramos de novo, vendo que a senhora não vinha me oferecer aliança ou coisa que o valha, perdi a paciência e pela segunda vez você recusou meu pedido.

Pois agora vejo que o beija-flor era sábio e não sei se fico feliz ou triste com o sucedido, pois que agora na minha velhice não tenho mais nada pra oferecer a senhora tão formosa."

A plebéiazinha ficou tão feliz com aquilo que sempre foi seu sonho a se realizar que aquele um ano durou mais que sua vida inteira, mais que o sempre. E nunca faltaram palavras, razões ou qualquer tudo para justificar tanta felicidade.

Isso meio que surgiu de minha mente e eu, assaltado, tive apenas o trabalho e a obrigação de registrar. Surgiu influenciado diretamente pelo livro Contos Populares Portugueses que venho lendo.

*Não sei se essa é a grafia certa para "plebéiazinha", mas acontece que gostei de escrever dessa forma e assim ficou.

9 comentários:

Rebeca dos Anjos disse...

Fofíssimo esse tom de conto de fadas. Delicado até.

E sábio também.

Beijo grande, menino! =)

Márcia(clarinha) disse...

Quanta ternura nesse amor verdadeiro, nem magia mudaria esse destino, lindo demais!

feliz dia
beijos

Flávia Muniz Cirilo disse...

Parece as histórias das mil e uma noites...


bj

Sookie disse...

Maneiro!
Gostoso de ler.
Também tenho este livro que te inspirou e só por sua causa fiquei com tesão de ler (é, ainda não li)!
Te amooooooo!
Bjs!

Unknown disse...

Parece um enredo conhecido...como "O amor nos tempos do cólera"
Viajei?

ficou tão bonito, amigo.
meu orgulho

Adriana Godoy disse...

Gostei. A forma como escreve suaviza e encanta. beijo.

Pri disse...

Lindo amigo...!!

Beijos

Unknown disse...

Muito lindooo!! Delicado, puro, encantador! Primeira vez que passo aqui, e pode ter certeza: vou passar sempre!

Amei!!

Um bjão!!!

Renata Braga disse...

Nossa ... amei!
Tens uma maneira muito diferente de escrever... e estou aqui pensando (não me leve a mal) que tenho até um certo ciume por não ter esse lirísmo moderno que tens.rs

Voltarei com certeza.

E se me permitir... colocarei nos meus favoritos.

Bjos