22.5.09

Aquilo tudo cinza antes do acontecer

Momento cinza: soma de pequenos instantes não passiveis de medida que precendem o movimento on do on/off do computador. E era. Existia O olhar que refletia, julgava, apontava naquela monotonia que era o não acontecer.

E sabia, intuia, conhecia, embora evitava, que cinza também era o pensamento do momento cinza.

Não acontecia
existia?

Turn on: luzes, sons, símbolos e o raio que o parta de tudo que não era, mas por fim era, o despertavam da crédula, consciente e cruel mediocridade que se insinuava sobre si em pantera sensual, piranha e marginal e agressiva e filha da puta.

Era e não era diante daquilo tudo que não é, tem luz e se crê.

ícone+clique(um só, é um Mac)+programa=música, estranho, por vezes a solução de toda uma vida era a canção certa,

Sabia de photoshop e de Coreldraw e desenhou portinhola. Arremessou cadeira de rodinhas e foi com os pés pra lá.

Foi morar na canção e nunca mais foi visto por aqui.

Epílogo: obviamente perdeu a recisão contratual e seu fundo de garantia ficou retido na Caixa Econômica Federal.

Aconteceu
E foda-se por isso!

17.5.09

sol e lua

- Como podes, astro, me alumiar tanto se só me sabes de muito longe?

- É porque te invento.

11.5.09

Os quatros pretendentes da plebéiazinha

Era uma vez uma plebéiazinha*. Um dia muito aborrecida em casa pediu que seu pai assentisse que fosse passear pra longe. O pai que amava muito a sua filha permitiu que ela fosse desde que não passasse da floresta.

A plebéiazinha foi então. No caminho encontrou um princepezinho muito formoso com quem no seu caminho trocou olhares.

Ele não parou,
ela se apaixonou.

Como que era plebéiazinha desandou em chorar e um beija-flor, que na verdade era fada, vendo aquilo tratou de consolar a pobrezinha.

"Menina, não chores. Na quarta vez que ver a pessoa que ama, casarás.
Mas haverá de aproveitar esse tempo, pois que viverá apenas mais um ano depois do acontecimento."

A plebéiazinha não se importou com o pouco tempo e ficou feliz a imaginar o matrimonio.

Eis que o tempo passa e nada do princepezinho aparecer novamente e assim não tardou muito para que a plebéiazinha se sentisse aborrecida mais uma vez. Foi ter com o pai e pediu que a deixasse passear mais longe. O pai, mesmo preocupado com a filha indo tão longe, consentiu que ela fosse desde que não passasse do rio.

A plebéiazinha foi então. No caminho encontrou um poeta cheio de palavras que pediu que se casassem. Ela disse que não, pois esperava que outro viesse e o triste poeta foi-se embora com tristes palavras.

Passado mais algum tempo e a plebéiazinha ficava mais uma vez aborrecida, pois o princepezinho ainda não havia aparecido. Foi ter com o pai mais uma vez procurar conselhos sobre lugares que ainda não havia conhecido. O pai falou que era pra ir se quisesse, mas que achava melhor que não passasse das montanhas.

A plebéiazinha foi então. No caminho encontrou um filósofo cheio de razões que pediu que casassem. Como da outra vez ela respondeu que não, pois esperava que outro viesse e o filósofo foi-se tentando com suas tristes razões entender o triste acontecimento.

Como que não era mais novidade a plebéiazinha ficou mais uma vez aborrecida. Dessa vez não falou com o pai e disse que casaria com o primeiro que passasse o caminho.

A plebéiazinha passou das montanhas dessa vez e cruzando no caminho com um plebeu logo o pediu em casamento. Ele surpreso com o sucedido respondeu da seguinte forma.

"Ó, que acontece mesmo o esperado, pois que nos tempos de minha infância a vi passar no meio de meu caminho e me apaixonei. Na época, mesmo com todo tempo do mundo fiquei sem palavras e com medo preferi seguir meu caminho.

Depois sentei em cima de uma pedra e comecei a chorar, pois achei que nada mais tinha no mundo que pudesse querer. Um beija-flor se comoveu comigo e disse-me que era pra ter paciência, pois seria a dama que viria me pedir em casamento.

Mais tarde, ainda moço, quando me sobravam palavras e me faltavam razões, nossos destinos se cruzaram mais uma vez. Me enchi de coragem, me esvaziei de paciência e pedi sua mão e uma vez você recusou

Depois de algum tempo, quando eu tinha as razões e as palavras certas, por acaso nos encontramos de novo, vendo que a senhora não vinha me oferecer aliança ou coisa que o valha, perdi a paciência e pela segunda vez você recusou meu pedido.

Pois agora vejo que o beija-flor era sábio e não sei se fico feliz ou triste com o sucedido, pois que agora na minha velhice não tenho mais nada pra oferecer a senhora tão formosa."

A plebéiazinha ficou tão feliz com aquilo que sempre foi seu sonho a se realizar que aquele um ano durou mais que sua vida inteira, mais que o sempre. E nunca faltaram palavras, razões ou qualquer tudo para justificar tanta felicidade.

Isso meio que surgiu de minha mente e eu, assaltado, tive apenas o trabalho e a obrigação de registrar. Surgiu influenciado diretamente pelo livro Contos Populares Portugueses que venho lendo.

*Não sei se essa é a grafia certa para "plebéiazinha", mas acontece que gostei de escrever dessa forma e assim ficou.

9.5.09

Gosto de olhar pros meus pés 
lembro que sou responsável por onde chego  

Gosto de olhar pro céu 
descubro até onde minha vista alcança.