Era uma vez uma
plebéiazinha*. Um dia muito aborrecida em casa pediu que seu pai assentisse que fosse
passear pra longe. O pai que
amava muito a sua filha permitiu que ela fosse desde que não passasse da floresta.
A
plebéiazinha foi então. No caminho encontrou um
princepezinho muito formoso com quem no seu caminho trocou olhares.
Ele não parou,
ela se apaixonou.
Como que era
plebéiazinha desandou em chorar e um beija-flor, que na verdade era fada, vendo aquilo tratou de consolar a
pobrezinha.
"Menina, não chores. Na quarta vez que ver a pessoa que ama, casarás.
Mas haverá de aproveitar esse tempo, pois que viverá apenas mais um ano depois do acontecimento."
A
plebéiazinha não se importou com o pouco tempo e ficou feliz a imaginar o
matrimonio.
Eis que o tempo passa e nada do
princepezinho aparecer novamente e assim não tardou muito para que a
plebéiazinha se sentisse aborrecida mais uma vez. Foi ter com o pai e pediu que a deixasse
passear mais longe. O pai, mesmo preocupado com a filha indo tão longe, consentiu que ela fosse desde que não passasse do rio.
A
plebéiazinha foi então. No caminho encontrou um poeta cheio de palavras que pediu que se casassem. Ela disse que não, pois esperava que outro viesse e o triste poeta foi-se embora com tristes palavras.
Passado mais algum tempo e a
plebéiazinha ficava mais uma vez aborrecida, pois o
princepezinho ainda não havia aparecido. Foi ter com o pai mais uma vez procurar conselhos sobre lugares que ainda não havia conhecido. O pai falou que era pra ir se quisesse, mas que achava melhor que não passasse das montanhas.
A
plebéiazinha foi então. No caminho encontrou um filósofo cheio de razões que pediu que casassem. Como da outra vez ela respondeu que não, pois esperava que outro viesse e o filósofo foi-se tentando com suas tristes razões entender o triste acontecimento.
Como que não era mais novidade a
plebéiazinha ficou mais uma vez aborrecida. Dessa vez não falou com o pai e disse que casaria com o primeiro que passasse o caminho.
A
plebéiazinha passou das montanhas dessa vez e cruzando no caminho com um plebeu logo o pediu em casamento. Ele surpreso com o sucedido respondeu da seguinte forma.
"Ó, que acontece mesmo o esperado, pois que nos tempos de minha
infância a vi passar no meio de meu caminho e me apaixonei. Na época, mesmo com todo tempo do mundo fiquei sem palavras e com medo preferi seguir meu caminho.
Depois sentei em cima de uma pedra e comecei a chorar, pois achei que nada mais tinha no mundo que pudesse querer. Um beija-flor se comoveu comigo e disse-me que era pra ter paciência, pois seria a dama que viria me pedir em casamento.
Mais tarde, ainda moço, quando me sobravam palavras e me faltavam razões, nossos destinos se cruzaram mais uma vez. Me enchi de coragem, me esvaziei de paciência e pedi sua mão e uma vez você recusou
Depois de algum tempo, quando eu tinha as razões e as palavras certas, por acaso nos encontramos de novo, vendo que a senhora não vinha me oferecer aliança ou coisa que o valha, perdi a paciência e pela segunda vez você recusou meu pedido.
Pois agora vejo que o beija-flor era sábio e não sei se fico feliz ou triste com o sucedido, pois que agora na minha velhice não tenho mais nada pra oferecer a senhora tão formosa."
A
plebéiazinha ficou tão feliz com aquilo que sempre foi seu sonho a se realizar que aquele um ano durou mais que sua vida inteira, mais que o sempre. E nunca faltaram palavras, razões ou qualquer tudo para justificar tanta felicidade.
Isso meio que surgiu de minha mente e eu, assaltado, tive apenas o trabalho e a obrigação de registrar. Surgiu influenciado diretamente pelo livro Contos Populares Portugueses que venho lendo.
*Não sei se essa é a grafia certa para "plebéiazinha", mas acontece que gostei de escrever dessa forma e assim ficou.