28.3.13

O conto do homem das cavernas esperto


Era uma vez a pré-história. Alguém chamou desse nome uma época há muito tempo atrás, mas muito tempo mesmo, que se podia ver por aí, dinossauros, tigres dentes de sabre e homens das cavernas. Quem estuda dinossauro diz que o homem nunca viveu junto desses monstrengos, mas nessa história não é assim que acontece. Acho mais legal fingir de conta.

Nessa pré-história de faz de conta, havia um homem das cavernas muito esperto. De um dia pro outro, sem avisar pra ninguém, cismou de dar nomes pras coisas.

No primeiro dia, olhou pra um lado e pro outro, e assim, sem pensar muito, disse: "TUDO". As pessoas, que também eram homens das cavernas, porque nessa época todo mundo era homem das cavernas, ficaram admiradas com o invento da palavra. E trataram de espalhar a novidade.

Se você quiser saber como é que o homem das cavernas espalhava novidade nessa época, se não existia palavra, pergunte a quem estuda dinossauro. Eu não faço idéia. Se esqueceu que essa é uma histórinha de faz de conta? Vai que não aconteceu nada disso.

Rapidinho a moda pegou. Era TUDO pra um lado. Era TUDO pra outro. Era um monte de gente querendo saber como é que se dizia.

O homem das cavernas muito esperto ficou tão orgulhoso que no segundo dia começou a inventar mais palavras. E foi mais ou menos essa a ordem:
PEDRA, COMIDA, BICHO, PLANTA e, finalmente, HOMEM DAS CAVERNAS.

Dessa vez tiveram mais dificuldade. É que nesse tempo as pessoas não estavam acostumadas a falar as coisas. Tinha gente que conseguia mais rápido, mas tinha quem não conseguia. Como estavam todos animados, o homem das cavernas muito esperto teve outra idéia.

No terceiro dia inventou a palavra ESCOLA, junto de tantas outras novas. Nem todo mundo continuou animado. No terceiro dia, aquilo ia deixando de ser novidade. Como a moda já tinha pegado, as pessoas acharam que era feio não participar.

Os dias começaram a passar tão rápido, que até pararam de contar, cada vez mais palavras iam sendo criadas. E o TUDO, pouco a pouco, ia deixando de ser TUDO. TUDO virava MAR, que virava PRAIA, que virava AREIA, que virava CONCHA.

Um dia, um outro homem das cavernas inventor, vendo um monte de CONCHAS, teve uma idéia que achou boa. Juntou aquilo tudo com um cordão e fez um colar. Era tão bonito que todo mundo queria olhar e tocar. Como era novo mostrou pro homem das cavernas muito esperto pra saber o que era.

Ele olhou pra aquilo e disse MEU.

Guardou consigo e não deixou mais ninguém tocar, só olhar.

Foi pouco tempo depois que os homens inventariam a palavra NADA.