18.12.06

Dias de céu azul pra bem longe de caixa-retângular

Foi em dia de céu azul que a moça percebeu,
em dia que nasce dente de criança, e que menino aprende "papai", "mamãe",
em instante de borboleta branca passar em frente,
um segundo depois do menino falar pra menina que amava ela.

Foi em dia de vento gostoso, de sol lá em cima,
de amor paterno, de lambida de cachorro, e de lágrima de emoção.

Por que dias chegam no fim,
E exatamente no dia que chegou 20h15min que começou um papo aí de Jornal Nacional
Era dentro de caixa-retângulo que aconteceu
Falava de um monte de coisa feia. Era mãe que tentava matar criança que matava esposa com maisdequinze facadas que ia preso que enchia presídio que botava fogo que fugia que vivia na rua que pedia esmola que era negado que pegava fogo
Era um monte de papo triste que fazia lágrima
Nem é por essas coisas de dúvida que se proseia por aqui o assunto narrado

Aconteceu tudo dentro de uma caixa-retângulo pra bem longe dali
em dia de céu azul que a moça esqueceu,

Por que dias de céu azul não fazem moças olharem pra caixa retangular.

27.11.06

Eles dizem: Nascer, crescer e morrer...

Quando em criança era daqueles de corrida,

"menino, vai comprar pão!"era com um pé que ia e com outro que voltava

"ô, muleque, come primeiro!"era farelo de pão voando pra todo lado

era gente de comprometer com um monte de coisa ao mesmo tempo

e corria de lá pra cá sem tempo pra pontuar querendo o mundo tomar
(as vezes dá pra rimar)

e foi com corrida ligeira que via os anos passar

mas hábito quando é hábito mesmo demora um monte pra soltar

você corre de lá pra cá sem medo de tropeçar

mas foi quando adulto que tropeçou,
pois foi um senhor, moço idoso com cabelos brancos, que o interpelou
-"Por que corre, rapaz?"
-pra pegar o ônibus, ora bolas
- "Parece não saber, meu homem, mas tempo de correr já passou, és um homem adulto agora. Deves ter compromissos que possa lidar sem correr nem suar."

E o menino corredor se tornou um homem cheio de vírgulas, e encheu as pernas de travas por baixo das calças, meias e sapatos.

E em um dia, já senhor, moço idoso, com cabelos brancos viu um homem adulto correndo pra pegar um ônibus. E com olhos invejosos, de quem não mais sabia correr o interpelou:
-"Por que corre, rapaz?"

24.9.06

.Quem,

Vazio é o homem que se escreve por ponto final.

Pois se encontra em parágrafo em branco.
Talvez em borda.
Um canto.

Já lido.
Perdido.

Pois se não.
Seria interrogação.

Então escrevo.
Rabisco e rasuro.

E é quando releio.

,que na vírgula me enxergo afinal,

16.9.06

Versos que tampouco melhoram...

Era um criatura deplorável:

Velho,
aidético,
horroroso,
flagelo,
humano?,
sete tiros pelo corpo,
pede esmola,
fala errado,
diz: amém,
humilhação,
esmola,
alguns centavos...

E a única coisa que me fez perguntar, meu Deus,
é o que foi que eu fiz pra merecer tão mais?

18.8.06

A menina sem nome

Foi que aconteceu do pombo pousar no colo daquela pessoinha. Estava com os pés balançando na beirada em um andar qualquer de prédio.
E com olhos de gente pequena perguntou:
-Pombo bonito, ensina-me a voar?

Quem diz que pombo não chora é porque não teve a oportunidade de ver o episódio. Aquela criaturinha tinha os olhos marejados por admiração - Reconhecia, para aquela menininha ser anjo só lhe faltavam asas. E com um pequeno arroubo de inveja propôs um trato:
-Menina bonita, ensino-te a voar. Mas prometa-me o seguinte: ao mundo dos homens nunca há de retornar.

E foi assim que a garotinha se foi.
E é por isso que os anjos não são vistos por nós.

Escrito para uma menina pequena que não sei o nome e que nunca será vista por mim...

16.8.06

caminhando de mãos dadas em um lugar onde a soma de 1+1 é o infinito

,caminhavam,

ela com os olhos no chão, cabeça na meta, a perder no horizonte,

ele com os olhos nos céus, cabelos ao vento, se perder é constante,

ela alertava: tem pedra na frente, amarra o cadarço!, tem curva adiante,

ele lembrava: estrela é bonita, respirar é preciso, Quer refrigerante?

,caminhavam,

19.7.06

Dias de andar no chão

Foi que aconteceu do homem aprender a voar. Não era artimanha de tecnologia ou pó de fadas. Em dias que não passaram ainda o homem aprendeu a voar quando queria. E foi em dias de futuro que aconteceu. O Jornal Nacional divulgava com entusiasmo para aqueles que queriam saber que o céu não era mais privilégio de gente rica.

Era olhar lá pra cima e pronto.

Os mais velhos olhavam para aquilo, dizendo que era obra do capeta. Os adolescentes ficavam vigiando o apartamento das meninas gostosas. E as crianças não saiam mais do céu.

Era um tanto de mãe desesperada nas ruas segurando cabos de vassoura gritando que aquilo não fazia bem, que era hora de almoço, ou que o moço do saco voador podia pegar elas.

De fato era perigoso esse negócio de não voltar pro chão. Tinha menino que nunca mais descia, esquecia desse papo de ser gente e nem mais comia, caia, mas não era de maduro. Era de fome. Isso eu nunca vi...

Tinham aqueles que decidiam por voar quando viam montanhas muito altas, ficavam com medo de machucar os pés, ou de ver bicho papão no caminho. Isso muita gente fazia. Eu não preferia.

Os meus favoritos era um pessoal mais raro, que preferia gastar a sola e calejar os dedos na subida. Sabiam, eram espertos, subir montanhas de verdade era trabalho de esforço. Era do seu entendimento que existiam lugares bonitos que só podiam ser achados por quem andavam nas terras de baixo. Essas pessoas eram inteligentes, quem voava não sabia o que tinha embaixo de árvore. Mas ainda voavam. Voavam paradas, para olhar onde estavam, ou pra trás, para lembrar do caminho. Faziam isso pra sentir o vento no rosto, o sol mais de pertinho e principalmente para visitar as nuvens rosa de algodão doce que só pode fazer quem ainda pode voar.

É verdade, tinham os que nunca mais voavam quando cresciam - desaprendiam, ou não queriam - , mas desses eu sentia pena...

Escrito em dias futuros pra todos aqueles que estão atravessando montanhas, e principalmente para uma menina linda que está se vendo em uma bem grande no momento que se passa.

1.7.06

A criação de Feeria

Antes havia o sonho,
E foi do sonho que tudo começou,
pois Ele dormia por que não existia nada que pudesse olhar.

Foi em sonho que surgiram as cores,
tão belas, que o fizeram chorar.
tão bonitas, e o seu coração a cantar.
E nos sonhos das cores viu que queriam andar.

Foi em lugar estranho, onde não existia o aonde.
As cores paradas dormiam.

Ele era bom e deu terra para que andassem.
E começaram a se misturar e a outras cores criar.

E outras cores eliminar.
O sonho ia escurecendo, as cores iam se subjugando.

Foi uma época estranha, quando não existia o quando.
E as cores não podiam ser punidas.

Ele era justo e fez o antes para que as cores fossem julgadas pelo que tinham feito.
E começaram a carregar caminhos andados.

Abriu os olhos
viu cores,
a cada uma sussurrou um nome,
e a todas chamou de deuses.

Mas não disse seu nome,
chamaram-no de deus que despertou.

E deu a cada um dos deuses uma ferramenta.

19.6.06

A resposta

Foi naquele dia em que os homens perderam quase todas as perguntas e só guardaram uma:

"Pra que serve?"

"Serve pra fazer de mim homem de muitas posses?", perguntavam os homens nesse dia. "Pois serviria pra me fazer querer o que posso ter?"-Continuavam.

E era um tanto de muito que respondia não.

As crianças perguntavam pra que servia saber que o céu e azul, e quando cresciam pintavam o céu de cinza.
Os meninos questionavam o papel da poesia, e os adultos diziam palavras sem pausa pra respirar.

Tanta coisa que dizia não...
Os pequenos queriam saber os nomes de todos os animais, e quando grandes catalogavam as bestas em números que contavam o todo.
E nesse dia aprenderam a fazer isso também com os homens.

O homem olhou orgulhoso para aquilo tudo que tinha descriado e foi descansar no sétimo dia.

Por que no primeiro voltaria a servir para algo...

15.5.06

letras-peixe

Era assim que acontecia: o menino-moço-rapaz cismava de tirar aquelas palavras-signos de dentro de si mesmo, tirava pela boca e colocava na mesa que era mundo, em bandeija para quem quisesse pegar, e olha só:

As palavras eram um monte de peças de lego, e todo mundo brincava de montar com aquilo que não pertencia mais ao menino-moço-rapaz... Ele corria atrás daquilo que tinha colocado no mundo, agora com pés, era mais difícil de pegar de volta...

Depois que tira as palavras da boca, menino. Elas deixam de ser suas...
As vezes tem asas.

Mas sempre, sempre serão de sua responsabilidade.

Construiu então aquelas palavras com mais cuidado dentro de sua barriga, antes de atirá-las pra fora. (É na barriga que elas são criadas?) Aí, ninguém mais queria. Já tinham se empaturrado com palavras de outros...

O que podia fazer?

Era um mundo complicado, onde um monte de letrinhas pulava como peixes para serem fisgadas...
Nem todos tinham anzol grande o suficiente pra pegar o que queriam...

(texto experimental e louco, no começo falava de uma coisa e depois mudei o sentido todo do troço.... heheheheheh)

17.4.06

Lanchin da madrugada é o caralho!

No universo das coisas que se pensam, mas não se tocam se movia uma energia que tinha luz mas não se via...
Era coisa simples de se falar, tinha era clichê que não faltava pra definir aquele estado das coisas que nunca tiveram pé começarem a ter... , e naquele espaço maior do que a cabeça que se viu rodeados desse monte de clichê...
Menos de um deles: As coisas só faziam mais sentido...

E o rapaz pensante, sujeito chato da porra,
ficava a girar
a manivela do pensar...
quem sabe haveria uma outra maneira de falar...

,mas a moça estava a esperar
e o rapaz com ela queria brincar

Tacou nela um Eu te amo!
E outro vamos viver pra sempre?

E pronto!

Foram brincar!
Não queriam perder tempo!

13.4.06

A canção mais bela do firmamento

Assim me foi contado, na língua sem escrita dos unicórnios, que tão muitos anos haviam se passado quando houve aquele dia em que Rianno, criador de estradas, encarava um sol que não conhecia.

Chamou o sol da liberdade.

Só agora ia,
antes não podia.
Era fraco, ainda admitia.

,mas em força em si crescia,
a espada a si já pertencia.

Fez de si mesmo morada em tempos que tinham passado. A mordaça não havia tirado desde anos que caminharam para longe.

Hoje se viu capaz.
(faltava ainda força)
,mas era capaz.

Arranca a mordaça que tinha imposto a si mesmo, a mordaça que o calava pra fora, mas berrava você é um fraco na língua dos pensamentos.

Arranca a mordaça e encara a luz.

E como me confiada essa história, que eu impiamente - um pecador - escrevo para desgraça das tradições do povo de um chifre só. A ti relato.

Rianno cantou.

Não cabe aqui, mas não há outro momento: Tu te perguntas: Mas como pode a mordaça na boca por tanto tempo? Não comeria? Não beberia?

Agora a sabedoria do narrador me abala com essas perguntas, mas quando em ouvidor eu apenas ouvia e entretido chorava.

A minha resposta?
Não sei.

Podia mudar o conto e as letras, e nas pegadas que escrevo na história que não era minha torna-la a ti mais verdadeira. O povo unicórnio esta atitude nem mal julgaria.

As histórias tem pés e andam sozinhas.
(boas histórias andam muito, as vezes correndo)

,mas a mim mentira ela se tornaria.

E a única verdade que guardo nesse saco é:

Fez de si mesmo morada, em tempos que tinham passado. A mordaça não havia tirado desde anos que caminharam para longe.

E canta a liberdade em voz ganhada por empenho, e te digo que nestes sujos papeis não há espaço que não seja vil para descrever a beleza da canção que o criador de estradas cantava.

Não, - te digo - livros não foram feitos para canções. As letras foram feitas para emoções.

,pois se diz que em respostas àqueles versos cantados com tamanha maestria por cantor que nunca havia um soneto criado,

esses versos de liberdade,
que cantavam caminhos trilhados,
estradas a serem criadas,
que cantavam muros derrubados,
muralhas que seriam arrasadas.

Sonhos feitos,
Sonhos vistos,
Sonhos,
sonhos sonhossonhossonhossonhossonhos
sonhossonhossonhossonhossonhossonhos

Nesse momento os pássaros se calaram, se ruborizariam se tivessem pele.
Todos os instrumentos daquele mundo se quebravam, por que seu direito a música tinha sido negado.

E os deuses pararam tudo aquilo que podia ser chamado mundo.
E clamavam uma chuva que podia ser sentida por distância ainda não percorrida.

Porque quando chove, os deuses estão com os ouvidos mais próximos.

(me deu vontade de escrever sobre Rianno de novo, eu comecei a escrever sobre ele no que seria meu projeto de um livro, e pretendo terminá-lo um dia. Esse trecho contaria do dia que ele finalmente se considera forte o suficiente para não mais depender de seu povo e vai embora querendo vencer a morte e o tempo para reaver a sua vó)

27.3.06

fica com reticências então

arfava..., arfava...

domingo? sei lá... pontuava o texto apenas porque era assim que deveria ser feito.
domingo... se sábado era o sétimo dia, por que se descansava no primeiro? ah, quem sabe? por que Ele iria trabalhar diferente?

arfava arfava

(as vezes nem pontuar pontuava)

costas pesadas ou pregos na cama? sei lá...
era domingo, seria engraçado(seria, poderia ser,mas não era), quem poderia enganar? que outro dia poderia ser? sonhou, não dormiu, será que o dia passa quando não se fecha os olhos?

seria engraçado(seria, poderia ser,mas não era)

a os pingos da chuva batiam na janela sussurrando: "levante" e o cinza do céu montava em suas costas pesando como promessa...

levanta e vai pra chuva,
não existe lágrima na chuva, quando se é invisível na multidão...

então ele chove, o reflexo de ontem no espelho do banheiro no antesdormir brotava em planta em sua cabeça, tinha sido feito a Sua imagem..., não gostava do que tinha visto
covarde... não seria mais

não seria?

talvez um café forte o ajudasse..., mentira, nem queria..., nem ajudaria,... não beberia!


não faria mais nada que não fosse aquilo! e pro inferno inferno toda aquela covardia!entrou na casa!pro inferno toda aquela convardia!chega na sala!pega o telefone!proinferno todaaquela covardia!discaonúmero!proinfernotodaaquelacovardia!erraonúmero!proinfernotodaaquelacovardia!proinfernotodaaquelacovardia!proinfernotodaaquelacovardia!proinfernotodaaquelacovardia!proinfernotodaaquelacovardia!proinfernotodaaquelacovardia

discaonúmero!
acerta!

Pegouotelefoneegritou:
porfavor,euprecisode Deus!

"Todas nossas linhas estão ocupadas, por favor tente mais tarde."

Morreu,
se matou,

e foi pro inferno por falta de espaço no céu

sem ponto final, exclamação, ou mesmo ponto de interrogação
e se fizer mesmo falta, fica com reticências então...

24.3.06

Biggs e Wedge

Tão poucos dias que impressionava tanta mudança. Biggs e Wedge ainda guardavam um monte de confusões em suas cabeças...
Em tempos que não conseguiam contar com precisão de relógio tinham estado presos, parados, congelados em momento nenhum em lugar que não existia.
O lugar não existia, mas tinha nome.
Era Azin-lah que brotava em cabeças.

A cidade secreta com nome que engana.
Em barras de montanhas estavam presos.
A saída da cidade sem estrada sofria de ausências de liberdades.

Não podiam sair, mas sairam. Sairam, foram salvos.
Eram naga, o povo serpente. E questionavam qual era a função que desempenhavam no grupo que os tinham salvado.

Azáali, a naialli, falava com pedras e rios e chamava a libélula.
Shaitan, o shiin, lutava as quatro espadas.
Zirrak, o zingara, era aquele que se escondia nas sombras
e Jarsbüh, o naga mago, era aquele que as chamas dominava.

Não eram magos poderosos, tão pouco guerreiros experientes. Biggs sabia um pouco de espada e Wedge quase nada de fetiçaria.

E naquela reflexão de quem pensa que o shiin falou na interrupção de quem ouve. Cabe um espacinho parênteses no que se quer falar o que é shiin:
(Era povo de rosto bonito e corpo esguio. Com orelhas pontudas.
Com traços delicados. Era o povo de quatro braços)

Aquele sorriso delineado abaixo dos olhos com linhas em preto, dizia:

"Durmam, amanhã é um longo dia."

"E agradeçam, a pouco saimos das montanhas de vidro."

Biggs e Wedge, então dormiram o sono dos intranquilos...
A chave ainda era um problema.

De novo um pedaço do meu jogo...

14.3.06

Difíceis decisões...

Baô estava assustado, a cobra-rio-deus tinha se mostrado e comido seres da terra... Por que teria feito isso? Os zingara, povo gato, rei das feras nada tinham feito contra o rio para que ele os atacasse. Só tinha uma resposta, era aquela resposta que fica agarrada na cabeça e que só se admite por que quer descansar de todas as outras possibilidades que sem sentido pensadas...

"O deus estava com fome."

Era uma daquelas soluções simples que só um naialli, criança da floresta seria capaz de dar. ,mas aquela resposta implicava perguntas... Deuses não sentem fome do lado de cá...

Não gostava dessa história de ficar mudando coisas, Azáali tinha acabado de voltar. Teria que se ausenatr mais uma vez, a chave que o grupo carregava tornava a vida na vila naialli muito perigosa.

"Vocês devem encontrar Airos"

Tinha sido a ultima coisa que foi aconselhada ao homem cobra, ao zingara, ao homem de quatro braços e a Azáali antes de irem embora.

Os homems maus os seguiriam.

"Que deuses de boas intenções olhassem para o caminho deles..."

Esse texto é louco pra maioria, mas ele fala de um RPG que eu tô mestrando...

12.3.06

Naquele dia de ontem(Um texto espontâneo...)

Se eu pudesse... pegava minhas trouxinhas e ia morar naquele dia de ontem...
Ia lá, ficava de bobeira com a barriga pra cima, sonhando com o amanhã... Nossa! ...como seria bom viver pra sempre naquele dia de ontem...

Fechava os olhos contava até dez, e olha só, continuaria no que era aquele dia de ontém, o amanhã era só um prato gostoso que você sabe que vêm por que conhece o cheiro que a cozinha tem quando sua mãe está lá...

e o sem sentido nem teria seria tão desimportante assim, por que se estaria naquele dia de ontem...

2.2.06

meninos não precisam de Deus

Era assim ó: tinham inventado um nome que depois daquilo a pessoa precisava de uma coisa pra continuar, essa coisa se chamava Deus, o nome daquilo era adolescência. Antes disso Deus estava no andar e no riso. Estava no brincar e no comer. Estava no chorar, e principalmente naquele momento de olhar formigas carregando pipocas em suas costas.

Crianças não precisavam de Deus.

E era na casa Dele que a mãe cismava de levar a criança. Era um monte de canto, que gente adulta e chata cismava de chamar de louvor, era umas falações aborrecidas e que não parava, que gente adulta chamava de pregação. Como os adultos gostavam de falar difícil! Será que era complicado ser de verdade e colocar em palavras coisas mais simples. Parecia para a criança que os adultos tinham um montão de palavras para falar da mesma coisa... Ai, que coisa chata!

Naquela hora eles tavam fazendo aquele negócio que chamavam de oração... Na verdade era um monte de gente grande de olho bem fechadinho e fazendo barulhinho engraçado... Ah, nem fechou os olhos. Ficou olhando pra todo mundo. Era um monte de gente que fazia cara engraçada. Era gente velha levantando a mão pro céu.

O melhor era essa parte. Era por que ninguém podia saber que a criança não estava obedecendo. E olhava. E ria baixinho.

E olhava de novo.
E ria gostoso com a mão na boca.

E olhava de novo.
E olhavam pra ele.

Tomou um susto. Tinha sido descoberto. Na outra linha de cadeira tinha olhos abertos também. Eram olhos de criança que tinham olhado os olhos de criança dele.

Sim, existiam outras crianças.

Fechou os olhos bem apertadinhos. E começou a fazer como adultos.

"Desculpa, meu Deus. Desculpa, meu Deus. Desculpa, meu Deus."
Era naquela voz franca e medrosa que as crianças fazem quando tem medo.

No final. Quando todo mundo ia embora. A criança procurou a outra criança.

Não achou.

Será que tinha sido Deus?

18.1.06

A bailarina não precisava de música, mas bailava

Era de balé que fazia sua vida,

era giro pra lá
era giro pra cá

era rodopio,
era pula-pula

Até o dia que viu aquela piscina de gelo,

era quebradiça,
era fragilíssima

,mas escorregava que era uma beleza.

E viu o par de um, e se encantou naquele não bailar mais sozinha.
Não girou mais. De rosto encarou aquele conjunto que era um virar dois.

Dançava sem rodopiar. Dançava de rosto pra frente.
Nem era límite,

era explorar um só modo
era se especializar

e era linda que ficava quando via.

E se viu atrás de seu par...

era percepção
era reflexo

era parede de gelo
era fino

era, porque quebrou

E era atrás dela que o par estava de verdade
E era nas suas costas

era, por que não olhou pra trás. Chorou os pedaços que derretiam

Ele foi embora
Ela?
Ela derreteu naquilo que era piscina de gelo...

Era, apenas era...

(esse texto foi escrito para o concurso maldito, é UMA FICÇÃO!, eu e Rebeca passamos muito bem, obrigado)

17.1.06

sem vírgulas por hora

Nos olhos três pupilas
Escorriam em três os pontos
eram aquelas malditas reticências...
elas vinham sempre por motivo nenhum
e um gigante ponto de interrogação vinha depois

Era o garoto motivo nenhum
plantou sorrisos
semeou tristezas...

Era de espanto que via os sulcos de sua enchada
Esguichava lágrimas como petróleo
tinha valor de troca
mas não comprava nada...

esperava outra vírgula no ponto de ônibus

mas era a condução da culpa que vinha chegando

Era melhor ir a pé
o demorado as vezes recompensava...

(sem vírgulas pelo menos se escreveu sem pontos finais...)

11.1.06

Oração dos agnósticos

Ah, meu Deus!,
se você estiver por aí.
Dá um passeio e
Dá uma olhada aqui.

Ah, meu Deus!,
se tu tiver no céu.
Cuida desse mundo
Que virou cruel.

AH, MEU DEUS!,
se o senhor já foi homem
Lembra os ferimentos,
As cicatrizes não somem!!!!

AH, MEU DEUS!
Se tu de fato há!
Nos dê só uma causa,
que nossa vida seja,
muito mais que ar!