29.11.05

Poema do sol (amanhecer em rimas)

Ela estava naquele humor de quem anoitece. Ele estava a chover.
Ele sabia, intuia, torcia, tinha sol, quem sabe fazia?, em cima das nuvens que sua pele expelia.
Ela imaginava, planejava, orava, o amanhecer quem sabe chegava...

Mas sol quando é sol aparece por si só, nem adianta chorar, esmolar ou implorar...

Ele chovia torrencialmente, todo molhado. Já se via gripado.
Ela noitava em sereno. Pele molhada. Narina melecada.

Ele espirrava.
Ela mau respirava.

Mas tempo quando é tempo passa por si só, não adianta vigiar, parar ou segurar...

Ela ainda não tinha amanhecido,
Ele em si o sol não havia nascido.

Mas os sonhos ventavam, sopravam, empurravam,...

Ele começou a perceber, cheirava a ozônio. Era cheiro de terra, cheiro gostoso, que só sabe quem já em terra mexia.
Ela olhou para seu céu, era tudo infinito. Era estrela brilhante, estrela bonita, que só sabe quem em telhado as via.

E até esqueceram....
sol quando é sol aparece por si só, nem adianta chorar, esmolar ou implorar...,
tempo quando é tempo passa por si só, não adianta vigiar, parar ou segurar...

Era poema solar, se inspira há tempos, mas só se escreve, se de verdade, permanecer na mente.

Ele viu na noite dela o seu ensolarar.
Ela viu o seu amanhecer naquele água no ar.

Nos olhos alvorada,
estavam a brilhar.
Era abraço solar.
E só junto que foi,
eles amanheceram, se ensolararam
Naquela mágica que era um virar dois...

25.11.05

Construção do homem à deriva feita em um mundo cinza

Era o ator de si mesmo,
Olhou para platéia,
apenas um,
apenas um.

Estava tão escuro,
não dava pra reconhecer.
não fazia idéia quem era,
Aquele platéia,

Era a platéia si mesmo...

não batia palmas

(algumas vezes eu me sinto inspirado lendo outros blogs, esse texto na verdade foi escrito originalmente como comment em um blog de um amigo meu, Obstáculo 1 - esta nos links -, sob inspiração do texto Prosa do Velho a Beira da Morte, Vale a pena...)

22.11.05

,,vírgulas,,

Decidiu por escrever de vírgulas,

No reino dos pontos de interrogação era que se esperava?
No reino dos pontos de exclamação tudo se espantava!
No reino dos pontos finais a coisas terminavam.

Mas era na ponte das vírgulas que elas se encontravam, as frases se encontravam sorrindo, estavam juntas,
a vírgula era anel de noiva,
Deixaria as palavras ligadas, mesmo que separadas,

Por isso decidiu escrever vírgulas,
Era assim, mais bonito, tudo unido com aquele curvas pequeninhas, um ponto final que escorreu na bundinha um rabo,,,

Era ali que escolheu ficar,
Escolheu, iria ver o mundo com vírgulas,

Não queria que acabasse,,,

9.11.05

,vírgula,

Era mais uma daquelas vírgulas lindonas,,,

Fumaças se formavam sobre um lindo pescoço fino, o moço pensador viu aquilo do telefone e se divertia... Iria escrever belas palavras com a boca e jogaria uma pedra de flor pra machucar aquele mau humor.

Eram palavras de sorte, pedacinho de vida, vida que se montava como quem pinta quadro de amanhecer.

E naquela altura a moça analisante sentia o cheiro azul-claro daquelas palavras... não tinha nem como protestar. Não havia tempo para levantar muros de fechamentos. Não estava preparada, foi arrombada...

E sorriu...

Sorriu na compreensão que aquele rapaz tentava caçar infinitudes em seu quintal com uma rede de caçar borboletas.

Ela não sabia de infinitudes, mas amava borboletas.

Viu aquilo tudo pelo telefone, em uma gota de minuto em uma manhã qualquer de um dia de ontém, tudo dentro de uma vírgula lindona,,,

6.11.05

Duvidas pertinentes ao sistema do nosso e de suas prováveis consequencias em possibilidades futuras

Ela disse: "Por que estamos juntos?"... Ele olhou dentro da própria cabeça pra ver se achava, era responsabilidade aquela história de responder coisas tão importantes, começou a ler aquela lista que tinha achado no seu pensador, coisas óbvias e nem tão óbvias assim que via de bonito no relacionamento dos dois...

Mas não era isso que ela queria saber.

Ela queria saber por que as pessoas ficavam juntas. Era uma daquelas pessoas que tentavam transformar as coisas em funções. As coisas eram como tijolos de uma casa, serviam para construir.

Ela não entendia aonde entrava aquele tijolo chamado casal, era complicada aquela história... Era um tijolo amorfo e de massa mole aos olhos dela...

A casa que construia ainda a pouco saia dos alicerces... parecia complicado arriscar um tijolo assim tão cedo...

Ele olhou nos olhos dela: "Homens são seres indíviduais, e precisam ficar sozinhos. Precisam se ver como parte separada do todo. Como seres com necessidades... Mas homens são seres sociais também, e precisam de uma resposta do todo para formarem seu caráter. Dessa forma é inteligente se associar dessa forma, sentir amor, o ambiente sempre dá respostas para as suas ações e seu caráter vai se formando ao lado da pessoa escolhida..." (Por que namorado é você que escolhe.)

Ela sorriu, não um sorriso imediato, não depois daquela resposta, e talvez nem por causa dela... Mas sorriu o sorriso das pessoas que escolhem a cor da tinta de seu quarto sem ter dinheiro pra colocar o azulejo na cozinha...

Sorriu por que era belo assim.

... AH, E ALIENADO É A TUA BUNDA!!!!(ainda incomodado...)
sinceramente eu tinha que registrar isso, hehehehehh