19.7.06

Dias de andar no chão

Foi que aconteceu do homem aprender a voar. Não era artimanha de tecnologia ou pó de fadas. Em dias que não passaram ainda o homem aprendeu a voar quando queria. E foi em dias de futuro que aconteceu. O Jornal Nacional divulgava com entusiasmo para aqueles que queriam saber que o céu não era mais privilégio de gente rica.

Era olhar lá pra cima e pronto.

Os mais velhos olhavam para aquilo, dizendo que era obra do capeta. Os adolescentes ficavam vigiando o apartamento das meninas gostosas. E as crianças não saiam mais do céu.

Era um tanto de mãe desesperada nas ruas segurando cabos de vassoura gritando que aquilo não fazia bem, que era hora de almoço, ou que o moço do saco voador podia pegar elas.

De fato era perigoso esse negócio de não voltar pro chão. Tinha menino que nunca mais descia, esquecia desse papo de ser gente e nem mais comia, caia, mas não era de maduro. Era de fome. Isso eu nunca vi...

Tinham aqueles que decidiam por voar quando viam montanhas muito altas, ficavam com medo de machucar os pés, ou de ver bicho papão no caminho. Isso muita gente fazia. Eu não preferia.

Os meus favoritos era um pessoal mais raro, que preferia gastar a sola e calejar os dedos na subida. Sabiam, eram espertos, subir montanhas de verdade era trabalho de esforço. Era do seu entendimento que existiam lugares bonitos que só podiam ser achados por quem andavam nas terras de baixo. Essas pessoas eram inteligentes, quem voava não sabia o que tinha embaixo de árvore. Mas ainda voavam. Voavam paradas, para olhar onde estavam, ou pra trás, para lembrar do caminho. Faziam isso pra sentir o vento no rosto, o sol mais de pertinho e principalmente para visitar as nuvens rosa de algodão doce que só pode fazer quem ainda pode voar.

É verdade, tinham os que nunca mais voavam quando cresciam - desaprendiam, ou não queriam - , mas desses eu sentia pena...

Escrito em dias futuros pra todos aqueles que estão atravessando montanhas, e principalmente para uma menina linda que está se vendo em uma bem grande no momento que se passa.

1.7.06

A criação de Feeria

Antes havia o sonho,
E foi do sonho que tudo começou,
pois Ele dormia por que não existia nada que pudesse olhar.

Foi em sonho que surgiram as cores,
tão belas, que o fizeram chorar.
tão bonitas, e o seu coração a cantar.
E nos sonhos das cores viu que queriam andar.

Foi em lugar estranho, onde não existia o aonde.
As cores paradas dormiam.

Ele era bom e deu terra para que andassem.
E começaram a se misturar e a outras cores criar.

E outras cores eliminar.
O sonho ia escurecendo, as cores iam se subjugando.

Foi uma época estranha, quando não existia o quando.
E as cores não podiam ser punidas.

Ele era justo e fez o antes para que as cores fossem julgadas pelo que tinham feito.
E começaram a carregar caminhos andados.

Abriu os olhos
viu cores,
a cada uma sussurrou um nome,
e a todas chamou de deuses.

Mas não disse seu nome,
chamaram-no de deus que despertou.

E deu a cada um dos deuses uma ferramenta.