30.9.05

era a rosa

Se encolheu na flor daquela rosa,
No meio das pétalas tinha beleza,

E no talo se agarrava o outro
A pele grudada nos espinhos e chorava
baixinho não queria que ele escutasse

Mas o outro estava no talo, e ele sabia
Sabia dos espinhos sabia da dor

Fingia não saber

era espinhos então era dor

mas a flor tinha perfume
ficou lá,
não tinha por que descer

28.9.05

Retrato do Escravo Feliz

















sorrIA!!
por que só vIA!!
é o que dizIA!!

que poesIA?

fugIA??
quem que dirIA??
não saberIA!!

nem poderIA!!!

ruIA!!
ninguém verIA!!
não exisIA!!
é o que se verIA!

e IA,
e se IA
pra onde IA?

25.9.05

Caos

Desistiu daquela história de escrever palavras, queria desenhar nos céus sentidos

não Precisava de Pontos de acentos de regras! dE NADA! tinha apenas que ser sentido!

Imerso em caos se fazia valer...

22.9.05

A gata parte dois

Era antipatia o que sentiam, ele e aquele animal. Podia dizer que não confiava naquela criatura arrogante com aquele andar calculado e elegante.

Gatos andavam na medida certa.

Parecia que sabia tudo ao seu redor. E por algum motivo fugia dos carinhos de todos. Que criatura mais petulante era aquela que negava todo aquele amor superior humano.

Mas o pior nem era isso...

Já tivera gravida a gata uma vez. Seus filhotes sumiram.
Diziam para ele:

"Ah, deve ter comido..."

Não tinha visto aquilo, mas também não tinha visto a cria. Como que já não gostava da criatura preferiu por acreditar... Como confiar em um animal que comia os seus?

Não podia.

Mas o tempo passou, e olhe só: a gata ficou grávida de novo.

"Bicho covarde!"- pensava- "Vai comê-los de novo..."

Mais tempo passou...

E ouviu, Ouviu miados!
Correu, era verdade! Lá estavam eles!

Lindos, um monte!

Olhou para aquele amontoado de intenções de vidas, aquelas mínusculas criaturas que sonhavam em crescer e olhou para a gata.


Ela veio com todo aquele andar calculado e elegante, Um andar felino que se movia na medida certa, e encostou a cabeça no seu corpo.

A gata queria carinho.
Fizeram as pazes.

17.9.05

O velho

Ele simplesmente não parava de falar...
Era uma daquelas pessoas no final de sua trajetória na Terra, que só queria a atenção. Não tinha mais muitas esperanças em vida e se prendia naquelas histórias que vivera no passado. Era chato, isso nem o menino ruivo poderia negar.

Este menino parecia ser o único que ouvia o velho. E toda aquela substancia narcotizante evidendente no falar e olhar do antigo não o faziam confundir esse fato.

Era para o menino ruivo que falava.

O menino adivinhara que aquelas histórias não eram novidades para ninguém naquele local. Mas seu coração que se pretendia de bom moço não o permitia tirar os olhos daquela figura que apenas pedia: "só quero sua atenção".

E existia algo de belo naquela criatura que se repetia. Com suas décadas evidentes nos sulcos de pele abundantes que existiam no seu rosto.

Dizia:

"Meu irmão é cobra no desenho"
"Os arquitetos vinham procurá-lo"
"Não tinha faculdade não"
"Eu sou burro, admito. Mas meu irmão não"

Não se julgava no direito de discordar, ou até acrescentar qualquer coisa nos relatos daquela criatura de idade. Eram conclusões de quem viveu muito tempo para concluir. Um, dois, três paragrágos; ou mesmo um livro não seriam argumentos para mudar aquelas opiniões construidas. O menino ruivo apenas concordava com a cabeça quando o velho repitia:

"Não estou certo?"

Na sexta ou terceira vez que falava do irmão, o menino não saberia precisar quantas vezes, o velho chorou. (o menino chorou também, mas era o choro dos meninos que prendem o choro. E por isso ninguém viu)

"Desculpa, quando falo do meu irmão eu me empolgo"

O velho continuou falando...

O menino cortou o cabelo

ouviu mais um pouco

-o velho foi embora-

o menino foi embora.

16.9.05

Queria casar com bolhas de sabão

Não tinha namorada. Amava bolhas de sabão.

Não uma em singular e nem duas no máximo. Amava todo aquele conjunto errático,
irresponsável,
independente,

que era o conjunto de bolhas de sabão.

No entanto.

Em segundos escolhia uma que seria a sua favorita. Paradinha, e girando parecia perceber todo o mundo a sua volta. Queria que os ventos do acaso decidissem para onde deveria se encaminhar.
Outro instante. Era aquela que subia, subia, subia. Até inchar e estourar.
Outro ainda? Aquela que vinha em sua direção e parecia dizer, posso chegar até aí se eu me adiantar.

Por que bolhas de sabão não eram pra sempre, não tinham objetivo se não aquele bailar em direção nenhuma!

Mas.

No todo amava o conjunto.

Aquele grupo de seres inanimados animados que lembravam o homem em seus inesperados. Que o fazia enxergar com olhos de deus uma vida inteira em instantes momentâneos!

Eram mais que bolhas de sabão, dentro de suas cores refletiam o mundo.

Ele se via. Se espantou maravilhado!

E plop!

acabou

sem vírgula e sem ponto final

14.9.05

Ontem

A menina com cara de boneca queria ser boneca.

Mas apenas estendia a mão...
E veio uma rapaz-moço que queria ser homem e a tomou para si.

Atravessaram aquela rua. Cheia de carros, Carros correndo, Carros voando. Carros batendo, Carros rolando.
verde, O sinal estava fechado.

Do outro lado a menina com cara de boneca queria ser boneca se descuidou...
Olhou pro lado.
E foi o rapaz-moço que queria ser homem pro outro lado da rua procurar outra mão estendida.
vermelho, O sinal tinha aberto.

Eram carros, Carros correndo, Carros voando. Carros batendo, Carros rolando.

A menina tinha medo. Tinha que atravessar sozinha.

Não atravessou.

Gritava do outro lado para o rapaz. barulhos de carros, Carros freando, Carros buzinando. Carros na frente, Carros acelerando.

Não se ouviam direito. Só intuiam.

E o rapaz-moço que queria ser homem foi embora. Entendeu o que a menina com cara de boneca queria ser boneca dizia.

Ela pedia: "minta pra mim".

11.9.05

O menino que queria encontrar Deus

O menino sabia que queria encontrar Deus.
Só sabia disso.
Não sabia mais de nada.

Como poderia ter certeza? Era um mundo estranho com olhares estranhos. Vários telefones tocando ao mesmo tempo. Talvez. Quem sabe talvez? Um deles tivesse a resposta.

Mas não havia tempo. Sabia. Não conseguiria atender todos.

Ninguém poderia dizer que não tentava.

Tentava, era verdade. E o suor era companheiro constante de sua testa pensante.

E como pensava.

Começou com esse negócio de pensar desde há muito tempo. E pode-se dizer que nem se lembrava qual foi o objeto que deveria agradecer/maldizer por colocá-lo em tal caminho.

Sabia.
Acreditava.

Não há caminho certo. Existem vários. E ele cavava, e cavava para achar o seu. Mas resposta nenhuma tinha achado do paradeiro de Deus.

Onde estaria? Se estaria?

Perguntava aqui.



Perguntava acolá.


Mas ninguém parecia saber.

“Deus estava pra todo lado, não tinha tempo pra responder perguntas diretas”, era o que diziam.

Mas nessa conversa esse menino não acreditava não.”É muito fácil”, dizia, “pessoas que não pensam dizem essas coisas por que não devem falar a língua Dele. Fazem isso por que a vida fica mais fácil.”

Ora, se estava por todo lado, ele devia falar muito!
E por que não responderia a perguntas diretas

Continuava a procurá-Lo.

(estou pensando em escrever algo mais longo com isso, mas tenho que trabalhar a idéia com certeza)

8.9.05

Demorado instantaneo em uma lembrança vivida

Seus olhos gritavam por socorro.
Ninguém podia ouvir.

Tinha entrado em um aparente estado de torpor na função Eu Robo, sua boca, ligeira, coitada, sem precisão alguma despejava apenas efeitos mal calculados, mas percebia tudo a sua volta. Percebia tudo como se seu tato estivesse se extendido a tudo que tocava o solo no arredores de onde seus pensamentos conseguia atingir. Uma área de pelo menos 15 metros de raio.

15 metros de raio?
O valor era chute.

Um chute calculado em tentativa humano-andróide. E como haveria de diferente ser?
E quem teria coragem desse chute reduzir realidade?
Que certeza podemos ter do que rima com verdade?

Agora planejava rotas de fuga, mais tarde perceberia que 1+1 não é =3! Mas naquele momento não seria a lógica importante, sua mente exigia trabalho.



................................................



E houve aquele momento branco...


Sorria o gosto da sobrevivência, estava ansioso. Logo viria o próximo expirar.



Era vencedor.

4.9.05

Do dia em que se viu...

Foi do dia em que o texto despertou. Assombrou-se consigo mesmo!

: Estava lá!ESTAVALÁ!

Enxergava cada letrinha que compunha seu pertencimento! Lia-se!LIASE!!!!

???

Etsava cofnsuo!
Mas confusão não queria dizer infeliz. Decidia-se por si mesmo!
Nem mais em verso, e nem em prossa. A poesia proclamava-se!
Contundia-se!
Enrijecia-se

no direito de ir e vir! Existia! Existia!
Cantava e chorava o texto enquanto tocava suas palavras!
Suas palavras! Ninguém poderia dizer que não eram!

E se inventava
E se abladava!
E se inrasci!a!!

Se m¨sya!!!!

eStavA viVA!

2.9.05

Pois

Diziam-se por monossilábicos, isto quando se diziam. Não tinham tempo para se descrever.
E nas minúncias das palavras se perdiam nos diversos sentidos que se existiam. Onde haveriam de estar? lá. Como eram suas vidas? nó.
pé,
ar,
ver,

Aquela era a vida que tinham... Escrita aos pouquinhos.
Era um tempo tão curtinho aquele.
E era entre os espaços entre os pontos que encontravam-se dizendo-se.

oi, tchau,

foi,

bom?
mau?

não,
sei,

mas,
era,