28.12.05

caminho de nuvens de sonho.

Recostou-se naquela sacada de olhos, as asas doiam em suas costas.
Doiam por que eram amarradas desde há muito.
Doiam porque existiam.

Aquele escorrega de rosto era o que sobrava.
Seria divertido se não houvessem cordas em suas costas, a tentativa de fuga só fazia doer mais.

Os limites eram bem definidos pelas suas mãos e seus pés.

Tudo que era existente porque existia, tão maior do que tudo que tinha dentro do castelo si mesmo.

E a dor daquele espaço se mostrou vazio, um vazio sem nenhum sentido...
O pouco que tinha escorria.
Era em escorrega de rosto.

Sorriu a falta do sorriso.
Chorou a máscara de sorriso.

E quebrou a máscara, e foi em correnteza de lágrimas que viu o caminho.
Pedaços de máscara que foi o barco.

E foi.

Pintou o céu de nuvem.
E soprou o grito dos jovens aquela vela.

Estava com os olhos fechados.

22.12.05

Busca do ponto final monocromático

Antes era borrão de cores em fundo cinza

Em infância era um monte de lápis de cor, era laranja bonito, e azul de papai do céu, era amarelo sorriso, e vermelho de sorvete... tudo aquilo em rabiscão... Nem sentia direito pra onde iam aqueles riscos!

Era risco pra cá
E risco pra lá

Era rabisco e rascunho...
E pintava o céu, e pintava vida, e pintava sonho e pintava brincadeira

Era um montão de beleza, era vírgula, e era ponto de interrogação, Um monte de exclamação cheia de sorriso e um monte de reticências de curiosidade,

só não tinha era ponto final...

Em adulto conheceu o lápis cor de verde... Estava apontadinho e chegava a brilhar quando escrevia... Os olhos abriram, era essa a ganância:

Decidiu por escrever de reto, não queria nem curva, nem queria saber de vírgula ou de interrogação: queria dois pontos, e o feio travessão, o interesse máximo era o ponto final...

Mas de final tava longe, e a ponta do lápis quebrava, nem adianta apontar, o lápis pequenininho
ficava...

Olhou a caixa de lápis, sobrou cinza-chumbo de chuva...

Pintou a folha de céu
Aquele fundo não era mais só o fundo...
Se misturava, se olhasse de longe, dele pouco se sabia onde estava.

Momento pensado e sua materialização em luz e letras

O blog é um direito de se escrever quando se quer ou é uma obrigação de escrever sempre?

O blog é seu ou você é do blog?

(as vezes quando vejo o tempo que passou desde a ultima postagem acho que tem alguma coisa errada, mas fala sério: que bobeira...)

17.12.05

Existia ela.

,
empregava cada gota daquele corpo no esforço incenssante de fazer aquele mundinho girar em volta de seus pés,
Cada gesto, cada movimento calculado, tinha exata ciência da resposta que tinha a sua volta...

Era uma moça de propósito, nem pensar que era sem querer...

Tinha ganhado condição de deusa, e aqueles eram seus adoradores...

Era uma sensação como sem igual, sorria a percepção...

Não existia mundo, fora dela, dos sons que moviam seus gestos.

Existia ela.

13.12.05

O outro de picareta

A pessoa chorava por dentro objetos que não poderiam ser vistos. Era pior essa coisa de chorar pra dentro, era dentro dos ossos que as lágrimas escorriam e o sal presente naquela aguinha de olhos só fazia sentir dor no sangue...

Como era trabalhoso esses assuntos de criar muros.
E a pessoa se fechava em cubos de gelo... Não era como qualquer prisão aquela... O outro podia ver.

Mas era díficil ajudar uma pessoa no cubo de gelo, picaretas a faziam machucar...

E o outro, como sendo bruto usava a ferramenta maldita...

Burro era o outro, era só ficar sentado a vista da pessoa. Tentando aquecer aquela caixinha que pulsava.

E talvez o gelo derretesse...

Mas não adianta gritar. Pessoas dentro de gelos não podem ouvir...

(agora peça desculpa, seu outro!)

7.12.05

Manifesto pedinte

E tudo o que você tem que fazer é dar qualquer valor, até mesmo nada. O objetivo deste manifesto é confirmar aonde esse dinheiro será aplicado, e provar como o nosso papel é bem definido na sociedade.

Temos a função de tornar vidas melhores! Quando vocês estiverem passando por grandes problemas, estiverem deprimidos, tristes. É só sair pelas cidades! Temos agentes que ficam andando pelas ruas das cidades em todas as horas. Quando as pessoas presenciam nosso sistema de coleta de dinheiro, de alimentos, ou mesmo as enfermidades que afligem nosso corpo, em geral se sentem muito melhores. Bem, não podemos garantir, e nem podemos pensar em devolver o dinheiro aplicado em nossa causa, ele provavelmente já foi aplicado em funções que definimos carinhosamente como "nossa sobrevivência". Mas estudos provam que a maioria das pessoas que nos vêem quando passam por situações de aflição se sentem mais esperançosos com relação a suas vidas. Comentários comuns são: "Essas pessoas que tem problemas de verdade", "Tá vendo? E você fica reclamando!". Existem várias outras formas de se expressar essa percepção, sintam-se livres de criar uma nova.

Também podemos fazer vidas mais engraçadas, ou fazê-los se sentirem superiores. Vocês podem nos maltratar, rir de nossas peças de roupas extravagantes, nos mandar embora quando sentir o exótico perfume de nossa sobrevivência, nos surrar, e em alguns casos nos matar. Visto que as autoridades nem nos notam, vocês provavelmente não terão nenhum tipo de represália jurídica. De qualquer forma preferiamos que pelo menos não nos fosse privado a vida. Mas isso é da escolha de vocês, em vista de nossa baixa saúde não temos maneiras muito eficazes de defesa que não incluam a piedade de vossas senhorias.

Devemos alertá-los daqueles que sofrem quando nos vêem, bem se não tiverem dinheiro pra nos ajudarem, pedimos que façam como a maioria dos transeuntes que tem coisas mais importantes para pensar - tais como novos namorados, quem vai passar no paredão do Big Brother, ou mesmo quem vai ganhar no Brasileirão - e simplesmente não nos vejam. Somos extremamente especialistas nesse assunto de invisibilidade, não precisamos sermos vistos se não ganharmos nada nesse assunto. Portanto não se preocupe com os problemas que causamos.

Pedimos desculpas por tornarmos sua cidade mais feia, mas acreditamos que agora como nosso manifesto percebido e com nosso papel mais definido, vocês, cidadões de respeito, perceberão que o custo benefício é bem justo para ambas as partes.

Você quer saber o produto que vendemos. Bem além de propiciar toda essa satisfação sem nenhuma taxa constante, o nosso serviço consiste em vender nosso orgulho. O ultimo bem que poderiamos manter.

Mas não mantemos.

29.11.05

Poema do sol (amanhecer em rimas)

Ela estava naquele humor de quem anoitece. Ele estava a chover.
Ele sabia, intuia, torcia, tinha sol, quem sabe fazia?, em cima das nuvens que sua pele expelia.
Ela imaginava, planejava, orava, o amanhecer quem sabe chegava...

Mas sol quando é sol aparece por si só, nem adianta chorar, esmolar ou implorar...

Ele chovia torrencialmente, todo molhado. Já se via gripado.
Ela noitava em sereno. Pele molhada. Narina melecada.

Ele espirrava.
Ela mau respirava.

Mas tempo quando é tempo passa por si só, não adianta vigiar, parar ou segurar...

Ela ainda não tinha amanhecido,
Ele em si o sol não havia nascido.

Mas os sonhos ventavam, sopravam, empurravam,...

Ele começou a perceber, cheirava a ozônio. Era cheiro de terra, cheiro gostoso, que só sabe quem já em terra mexia.
Ela olhou para seu céu, era tudo infinito. Era estrela brilhante, estrela bonita, que só sabe quem em telhado as via.

E até esqueceram....
sol quando é sol aparece por si só, nem adianta chorar, esmolar ou implorar...,
tempo quando é tempo passa por si só, não adianta vigiar, parar ou segurar...

Era poema solar, se inspira há tempos, mas só se escreve, se de verdade, permanecer na mente.

Ele viu na noite dela o seu ensolarar.
Ela viu o seu amanhecer naquele água no ar.

Nos olhos alvorada,
estavam a brilhar.
Era abraço solar.
E só junto que foi,
eles amanheceram, se ensolararam
Naquela mágica que era um virar dois...

25.11.05

Construção do homem à deriva feita em um mundo cinza

Era o ator de si mesmo,
Olhou para platéia,
apenas um,
apenas um.

Estava tão escuro,
não dava pra reconhecer.
não fazia idéia quem era,
Aquele platéia,

Era a platéia si mesmo...

não batia palmas

(algumas vezes eu me sinto inspirado lendo outros blogs, esse texto na verdade foi escrito originalmente como comment em um blog de um amigo meu, Obstáculo 1 - esta nos links -, sob inspiração do texto Prosa do Velho a Beira da Morte, Vale a pena...)

22.11.05

,,vírgulas,,

Decidiu por escrever de vírgulas,

No reino dos pontos de interrogação era que se esperava?
No reino dos pontos de exclamação tudo se espantava!
No reino dos pontos finais a coisas terminavam.

Mas era na ponte das vírgulas que elas se encontravam, as frases se encontravam sorrindo, estavam juntas,
a vírgula era anel de noiva,
Deixaria as palavras ligadas, mesmo que separadas,

Por isso decidiu escrever vírgulas,
Era assim, mais bonito, tudo unido com aquele curvas pequeninhas, um ponto final que escorreu na bundinha um rabo,,,

Era ali que escolheu ficar,
Escolheu, iria ver o mundo com vírgulas,

Não queria que acabasse,,,

9.11.05

,vírgula,

Era mais uma daquelas vírgulas lindonas,,,

Fumaças se formavam sobre um lindo pescoço fino, o moço pensador viu aquilo do telefone e se divertia... Iria escrever belas palavras com a boca e jogaria uma pedra de flor pra machucar aquele mau humor.

Eram palavras de sorte, pedacinho de vida, vida que se montava como quem pinta quadro de amanhecer.

E naquela altura a moça analisante sentia o cheiro azul-claro daquelas palavras... não tinha nem como protestar. Não havia tempo para levantar muros de fechamentos. Não estava preparada, foi arrombada...

E sorriu...

Sorriu na compreensão que aquele rapaz tentava caçar infinitudes em seu quintal com uma rede de caçar borboletas.

Ela não sabia de infinitudes, mas amava borboletas.

Viu aquilo tudo pelo telefone, em uma gota de minuto em uma manhã qualquer de um dia de ontém, tudo dentro de uma vírgula lindona,,,

6.11.05

Duvidas pertinentes ao sistema do nosso e de suas prováveis consequencias em possibilidades futuras

Ela disse: "Por que estamos juntos?"... Ele olhou dentro da própria cabeça pra ver se achava, era responsabilidade aquela história de responder coisas tão importantes, começou a ler aquela lista que tinha achado no seu pensador, coisas óbvias e nem tão óbvias assim que via de bonito no relacionamento dos dois...

Mas não era isso que ela queria saber.

Ela queria saber por que as pessoas ficavam juntas. Era uma daquelas pessoas que tentavam transformar as coisas em funções. As coisas eram como tijolos de uma casa, serviam para construir.

Ela não entendia aonde entrava aquele tijolo chamado casal, era complicada aquela história... Era um tijolo amorfo e de massa mole aos olhos dela...

A casa que construia ainda a pouco saia dos alicerces... parecia complicado arriscar um tijolo assim tão cedo...

Ele olhou nos olhos dela: "Homens são seres indíviduais, e precisam ficar sozinhos. Precisam se ver como parte separada do todo. Como seres com necessidades... Mas homens são seres sociais também, e precisam de uma resposta do todo para formarem seu caráter. Dessa forma é inteligente se associar dessa forma, sentir amor, o ambiente sempre dá respostas para as suas ações e seu caráter vai se formando ao lado da pessoa escolhida..." (Por que namorado é você que escolhe.)

Ela sorriu, não um sorriso imediato, não depois daquela resposta, e talvez nem por causa dela... Mas sorriu o sorriso das pessoas que escolhem a cor da tinta de seu quarto sem ter dinheiro pra colocar o azulejo na cozinha...

Sorriu por que era belo assim.

... AH, E ALIENADO É A TUA BUNDA!!!!(ainda incomodado...)
sinceramente eu tinha que registrar isso, hehehehehh

28.10.05

Festa surpresa de aniversário na casa dela

Existem momentos... Momentos acabam, passam, se vão... O tempo, monstro que devora, se encarrega de devorar esses momentos em seu estômago sem fundo...

Mas existem momentos que se desdobram, e ficam repercutindo-se indefinidamente em cabeças grandes de meninos que pensam. São momentos que não se esgotam no tempo que acontecem, eles continuam acontecendo além do tempo que parece destinado.

O tempo vai se esvaindo de regras e não consegue manter aquilo nos seus domínios.

Ele, o momento, continua e continua...

24.10.05

CLARO QUE PULOU!

O menino só fez estender a mão,
Ela tinha medo... Tanto tempo coberta naquela coberta, manta que chamava si mesma que não sabia mais o que era aquilo que estava na sua frente... Era uma estrada em curva que se assemelhava a um ponto de interrogação.

Mas você já viu mesmo um ponto de interrogação?

Para chegar naquela estrada precisa tomar coragem para pular o espaço que existe entre aquele pinguinho e aquela primeira reta, E pra que isso?

Tinha uma curva logo depois! E pra onde ia?

Aquela manta era confortável e quentinha! Iria sair de dentro si mesma? Era tão complicado, arriscar aquilo tudo! Mas não tinha espaço pra duas pessoas no pingo do ponto de interrogação.

Abriu uma frestinha e viu. O menino continuava com a mão estendida.
-"Venha, vamos descobrir o que tem lá na frente?"

Ela era corajosa, mas tinha medo do que fugia daquela mente que sabia matematicar as coisas... Mas era estranho, os números de sua cabeça também diziam para que pulasse.

Pulou.

"CLARO QUE PULOU!"

Exposição do que não se pode negar de uma verdade colorida

Eu também te amo

20.10.05

Eu

Eu sou uma bola de espinhos a rolar! Aonde passava ferimentos escorriam!
Na minha testa tem um sorriso pintado! As pessoas enxergam a felicidade ali!

Não tinha nunca como ser suficiente, bolas de espinhos só servem pra machucar.
Talvez fosse melhor parar... Fincavasse em tábua de madeira...

E parava, e a monotonia daquela prisão salvaria todas elas...

Não me abrace, ou abrasse, e foda-se como se escreve isso!

Eu sou uma bola de espinhos

dos Anjos

Ela pegou uma caneta, canetas não se apagam facilmente,(ela queria marcar a eternidade), e escreveu no livro das vidas. Com cuidado e esmero de quem sabe que nossas letras dizem tudo de nós mesmos. Queria escolher as letras que permitissem aos outros saberem apenas o que ela permitisse que soubessem. Ela era muito mais que aquilo que escreveria, mas esse conhecimento bastava a ela. Se mostrava apenas em números de funções que este escriba achava muito complexas...Não tinha calculado, mas se sabia muito da pessoa pela folha que tinha escolhido pra escrever, aquela não era de plástico funcional... Era de papel colorido e com cheiro.Papel rasga! Droga não tinha calculado isso!!! Que absurdo! Como podia... Mas já estava escrito! E com caneta...Mas a maioria deles não enxergava isso... ela se achava exposta, mas era mentira...
As pessoas não viam...

(mas ele viu...)

(isso era pra ser um depoimento, mas bem, acabou que achei que o melhor lugar pra colocá-lo fosse aqui...)

14.10.05

Por trás do véu dos olhos distantes

Aquilo estava ocupando um grande naco do seu pensador, seria uma daquelas pessoas chatas e desinteressantes se desse a oportunidade para si mesmo.

Preferia ficar calado.

Com aqueles pensamentos que se regurgitavam indefinidamene. Pensamentos que se olhavam no espelho sem se cansar nunca. Eram assim, vaidosos e narcisistas.

E toda essa arrogância os fazia espaçosos.

Como eram inconvenientes, não permitiam os outros nem mesmo esticarem suas pernas. Estavam lá deitados.

E os outros pensamentos se sentiam melindrados em presença tão áurea. Era assim porque eram pensamentos bonitos. Toda aquela indelicadeza que se demonstrava inoportuna vinha da certeza de toda sua beleza.

Ô, pensamentozinhos mais graciosos.

E sabiam dançar...

Sentiam cíumes os outros pensamentos, mas eram honestos e justos.
(tentavam)

Batiam palmas, aqueles dançavam muito bem...

9.10.05

O vento e a rocha

Ele preferia o : e ela preferia o ...
O dois pontos eram possibilidades de caminhos
O reticências infinitudes de conhecidos

Ele queria o ar, o que não podia tocar e que só podia quantificar
Ela o sólido, pálpavel e que podia ver, medir e quantificar

Eram assim, o vento e a rocha.

Ele no seu caminho arrastava o que passava e guardava no seu corpo
Ela no solo que se arraigava protegia do que vinha

Se encontraram então, rocha e vento.

O vento tentou levantar a rocha
A rocha tentou proteger o vento

Estavam assim, o vento e a rocha.

5.10.05

Afetando o mundo!

Tinha pele, casca. Por dentro era de poesia que era feito. Tinha que se separar daquele mundo sem poesia, cinza, mentira.
Tocava o mundo com as mãos,
tocava o mundo com os olhos.

E mexia no mundo com a língua.

Era assim.

30.9.05

era a rosa

Se encolheu na flor daquela rosa,
No meio das pétalas tinha beleza,

E no talo se agarrava o outro
A pele grudada nos espinhos e chorava
baixinho não queria que ele escutasse

Mas o outro estava no talo, e ele sabia
Sabia dos espinhos sabia da dor

Fingia não saber

era espinhos então era dor

mas a flor tinha perfume
ficou lá,
não tinha por que descer

28.9.05

Retrato do Escravo Feliz

















sorrIA!!
por que só vIA!!
é o que dizIA!!

que poesIA?

fugIA??
quem que dirIA??
não saberIA!!

nem poderIA!!!

ruIA!!
ninguém verIA!!
não exisIA!!
é o que se verIA!

e IA,
e se IA
pra onde IA?

25.9.05

Caos

Desistiu daquela história de escrever palavras, queria desenhar nos céus sentidos

não Precisava de Pontos de acentos de regras! dE NADA! tinha apenas que ser sentido!

Imerso em caos se fazia valer...

22.9.05

A gata parte dois

Era antipatia o que sentiam, ele e aquele animal. Podia dizer que não confiava naquela criatura arrogante com aquele andar calculado e elegante.

Gatos andavam na medida certa.

Parecia que sabia tudo ao seu redor. E por algum motivo fugia dos carinhos de todos. Que criatura mais petulante era aquela que negava todo aquele amor superior humano.

Mas o pior nem era isso...

Já tivera gravida a gata uma vez. Seus filhotes sumiram.
Diziam para ele:

"Ah, deve ter comido..."

Não tinha visto aquilo, mas também não tinha visto a cria. Como que já não gostava da criatura preferiu por acreditar... Como confiar em um animal que comia os seus?

Não podia.

Mas o tempo passou, e olhe só: a gata ficou grávida de novo.

"Bicho covarde!"- pensava- "Vai comê-los de novo..."

Mais tempo passou...

E ouviu, Ouviu miados!
Correu, era verdade! Lá estavam eles!

Lindos, um monte!

Olhou para aquele amontoado de intenções de vidas, aquelas mínusculas criaturas que sonhavam em crescer e olhou para a gata.


Ela veio com todo aquele andar calculado e elegante, Um andar felino que se movia na medida certa, e encostou a cabeça no seu corpo.

A gata queria carinho.
Fizeram as pazes.

17.9.05

O velho

Ele simplesmente não parava de falar...
Era uma daquelas pessoas no final de sua trajetória na Terra, que só queria a atenção. Não tinha mais muitas esperanças em vida e se prendia naquelas histórias que vivera no passado. Era chato, isso nem o menino ruivo poderia negar.

Este menino parecia ser o único que ouvia o velho. E toda aquela substancia narcotizante evidendente no falar e olhar do antigo não o faziam confundir esse fato.

Era para o menino ruivo que falava.

O menino adivinhara que aquelas histórias não eram novidades para ninguém naquele local. Mas seu coração que se pretendia de bom moço não o permitia tirar os olhos daquela figura que apenas pedia: "só quero sua atenção".

E existia algo de belo naquela criatura que se repetia. Com suas décadas evidentes nos sulcos de pele abundantes que existiam no seu rosto.

Dizia:

"Meu irmão é cobra no desenho"
"Os arquitetos vinham procurá-lo"
"Não tinha faculdade não"
"Eu sou burro, admito. Mas meu irmão não"

Não se julgava no direito de discordar, ou até acrescentar qualquer coisa nos relatos daquela criatura de idade. Eram conclusões de quem viveu muito tempo para concluir. Um, dois, três paragrágos; ou mesmo um livro não seriam argumentos para mudar aquelas opiniões construidas. O menino ruivo apenas concordava com a cabeça quando o velho repitia:

"Não estou certo?"

Na sexta ou terceira vez que falava do irmão, o menino não saberia precisar quantas vezes, o velho chorou. (o menino chorou também, mas era o choro dos meninos que prendem o choro. E por isso ninguém viu)

"Desculpa, quando falo do meu irmão eu me empolgo"

O velho continuou falando...

O menino cortou o cabelo

ouviu mais um pouco

-o velho foi embora-

o menino foi embora.

16.9.05

Queria casar com bolhas de sabão

Não tinha namorada. Amava bolhas de sabão.

Não uma em singular e nem duas no máximo. Amava todo aquele conjunto errático,
irresponsável,
independente,

que era o conjunto de bolhas de sabão.

No entanto.

Em segundos escolhia uma que seria a sua favorita. Paradinha, e girando parecia perceber todo o mundo a sua volta. Queria que os ventos do acaso decidissem para onde deveria se encaminhar.
Outro instante. Era aquela que subia, subia, subia. Até inchar e estourar.
Outro ainda? Aquela que vinha em sua direção e parecia dizer, posso chegar até aí se eu me adiantar.

Por que bolhas de sabão não eram pra sempre, não tinham objetivo se não aquele bailar em direção nenhuma!

Mas.

No todo amava o conjunto.

Aquele grupo de seres inanimados animados que lembravam o homem em seus inesperados. Que o fazia enxergar com olhos de deus uma vida inteira em instantes momentâneos!

Eram mais que bolhas de sabão, dentro de suas cores refletiam o mundo.

Ele se via. Se espantou maravilhado!

E plop!

acabou

sem vírgula e sem ponto final

14.9.05

Ontem

A menina com cara de boneca queria ser boneca.

Mas apenas estendia a mão...
E veio uma rapaz-moço que queria ser homem e a tomou para si.

Atravessaram aquela rua. Cheia de carros, Carros correndo, Carros voando. Carros batendo, Carros rolando.
verde, O sinal estava fechado.

Do outro lado a menina com cara de boneca queria ser boneca se descuidou...
Olhou pro lado.
E foi o rapaz-moço que queria ser homem pro outro lado da rua procurar outra mão estendida.
vermelho, O sinal tinha aberto.

Eram carros, Carros correndo, Carros voando. Carros batendo, Carros rolando.

A menina tinha medo. Tinha que atravessar sozinha.

Não atravessou.

Gritava do outro lado para o rapaz. barulhos de carros, Carros freando, Carros buzinando. Carros na frente, Carros acelerando.

Não se ouviam direito. Só intuiam.

E o rapaz-moço que queria ser homem foi embora. Entendeu o que a menina com cara de boneca queria ser boneca dizia.

Ela pedia: "minta pra mim".

11.9.05

O menino que queria encontrar Deus

O menino sabia que queria encontrar Deus.
Só sabia disso.
Não sabia mais de nada.

Como poderia ter certeza? Era um mundo estranho com olhares estranhos. Vários telefones tocando ao mesmo tempo. Talvez. Quem sabe talvez? Um deles tivesse a resposta.

Mas não havia tempo. Sabia. Não conseguiria atender todos.

Ninguém poderia dizer que não tentava.

Tentava, era verdade. E o suor era companheiro constante de sua testa pensante.

E como pensava.

Começou com esse negócio de pensar desde há muito tempo. E pode-se dizer que nem se lembrava qual foi o objeto que deveria agradecer/maldizer por colocá-lo em tal caminho.

Sabia.
Acreditava.

Não há caminho certo. Existem vários. E ele cavava, e cavava para achar o seu. Mas resposta nenhuma tinha achado do paradeiro de Deus.

Onde estaria? Se estaria?

Perguntava aqui.



Perguntava acolá.


Mas ninguém parecia saber.

“Deus estava pra todo lado, não tinha tempo pra responder perguntas diretas”, era o que diziam.

Mas nessa conversa esse menino não acreditava não.”É muito fácil”, dizia, “pessoas que não pensam dizem essas coisas por que não devem falar a língua Dele. Fazem isso por que a vida fica mais fácil.”

Ora, se estava por todo lado, ele devia falar muito!
E por que não responderia a perguntas diretas

Continuava a procurá-Lo.

(estou pensando em escrever algo mais longo com isso, mas tenho que trabalhar a idéia com certeza)

8.9.05

Demorado instantaneo em uma lembrança vivida

Seus olhos gritavam por socorro.
Ninguém podia ouvir.

Tinha entrado em um aparente estado de torpor na função Eu Robo, sua boca, ligeira, coitada, sem precisão alguma despejava apenas efeitos mal calculados, mas percebia tudo a sua volta. Percebia tudo como se seu tato estivesse se extendido a tudo que tocava o solo no arredores de onde seus pensamentos conseguia atingir. Uma área de pelo menos 15 metros de raio.

15 metros de raio?
O valor era chute.

Um chute calculado em tentativa humano-andróide. E como haveria de diferente ser?
E quem teria coragem desse chute reduzir realidade?
Que certeza podemos ter do que rima com verdade?

Agora planejava rotas de fuga, mais tarde perceberia que 1+1 não é =3! Mas naquele momento não seria a lógica importante, sua mente exigia trabalho.



................................................



E houve aquele momento branco...


Sorria o gosto da sobrevivência, estava ansioso. Logo viria o próximo expirar.



Era vencedor.

4.9.05

Do dia em que se viu...

Foi do dia em que o texto despertou. Assombrou-se consigo mesmo!

: Estava lá!ESTAVALÁ!

Enxergava cada letrinha que compunha seu pertencimento! Lia-se!LIASE!!!!

???

Etsava cofnsuo!
Mas confusão não queria dizer infeliz. Decidia-se por si mesmo!
Nem mais em verso, e nem em prossa. A poesia proclamava-se!
Contundia-se!
Enrijecia-se

no direito de ir e vir! Existia! Existia!
Cantava e chorava o texto enquanto tocava suas palavras!
Suas palavras! Ninguém poderia dizer que não eram!

E se inventava
E se abladava!
E se inrasci!a!!

Se m¨sya!!!!

eStavA viVA!

2.9.05

Pois

Diziam-se por monossilábicos, isto quando se diziam. Não tinham tempo para se descrever.
E nas minúncias das palavras se perdiam nos diversos sentidos que se existiam. Onde haveriam de estar? lá. Como eram suas vidas? nó.
pé,
ar,
ver,

Aquela era a vida que tinham... Escrita aos pouquinhos.
Era um tempo tão curtinho aquele.
E era entre os espaços entre os pontos que encontravam-se dizendo-se.

oi, tchau,

foi,

bom?
mau?

não,
sei,

mas,
era,

29.8.05

Coração meu

(influenciado pelo ultimo CD do Los Hermanos)

Ah, coração meu!
Ainda por aqui?
Quem diria?

E esta lá! Pra quem quiser ver! É só olhar! Ora, vire a cabeça! E sinta como retine!!!!!

Retine
Em carne, é física!
Em sonho, é filosofia!!!

E quantas exclamações!!!!! Tantas e tantas que vão se amontoando uma atrás da outra.
Dando ritmo e compasso!

E que sapeca! Nem se escondia. Nem via motivos!
Dançava ao som das exclamações.

Era a coragem, sabia! Tinha tanto, e nenhuma vontade de guardar!

O sorriso era maior que si mesmo, tinha que colocar pra fora...

Dançava pra isso!

Não queria parar nunca.

27.8.05

O conceito do Escravo Feliz


Queria se afogar sozinho naquele mar de esperança, se jogar sorrindo daquele prédio de expectativas.
E cantava aquela música diferente de todas as outras.
E cada um cantava uma música diferente de todas as outras.
Mas estava misturado. Misturado em uma multidão. E de longe aquilo soava como sinfonia...

A gata

Era uma gata que fugia de carinhos, tão boba. Até irritava. Estavamos lá oferecendo toda nossa amabilidade e aquela criatura, bichinho de quatro patas, corria como um míssil.(Será que míssil corre?). Como podia? Como era idiota aquele bicho! Não podia reconhecer nas nossas intenções depois de anos de convívio toda boa intenção que tinhamos em nossos olhos, amor humano!

E agora tinhamos um cachorrinho. Tão pequeninho, tão bonitinho. Esse gostava de carinho. Não podia ser exemplo? Será que aquela gata, com nome de menina, não percebia que dódoi nela não fariamos?.
Mas quem disse que era medo? O homem! Quando tinha fome a criatura não nos procurava? E quem era idiota? Ô, arrogância de homo sapiens. Seria difícil perceber o que era tão óbvio? A gata não tinha medo de nós! Nem tinha motivos para isso... A gata simplesmente não gostava de carinhos.

A gata não queria carinhos. Dizia: "Deixe-me em paz!"

Humanos...

(esse texto poderia estar melhor...)

24.8.05

Instante momento em um tempo infinito

E pensava em amores,
Amores amados,
Amores idos,
Amores inventados,

E sorria todos esses amores. Um sorriso ressequido em tempos maltrapilhos, reprimido em cantos de uma boca conformada na monotonia da linha reta. Mesmo assim um sorriso, e um sorriso de verdade.
Vázio de significado, mas pleno de emoção. Era um sorriso sem função.
Apenas um sorriso.
E era exatamente aquela ausência de sentido que o fazia sorrir naquele momento, agora era aquela felicidade sem causa que o fazia sorrir. Um ciclo tinha se formado bombeado ininterruptamente pelo orgão que pulsava.
Pulsava para as pernas.
Pulsava para os braços.
Pulsava para a cabeça.

E que cabeça, diriam.
Chamavam de cabeça grande desde que completara os quinze anos. Não entendia e nem via tamanha deformidade naquele corpo, flagelo, magrelo que carregava a alma já a tantas luas.
Mas sorria o sorriso dos francos que não podem negar que nos olhos dos outros não podem olhar.

Aqueles olhos.
Ora verdes, ora castanhos. Ora rebeldes, olhos mutantes. Que se ajustavam, diálogavam. Se alteravam, e perscrutavam. Olhos que queriam saber, olhos que queriam olhar.
Olhar para tudo.
Olhar com todas maneiras de olhar.
Sabiam inventar, olhos sapecas. Juntavam palavras que não tinham sentido:
Arco-íris de pastel,
Sonhos com cheiro de azul,
Banhos de intenções de bicicletas.
Achavam-no bobo. Até era bobo.
Mas conhecia a manobra. Cansado. Abria os olhos!
Mas se vinha caminhão esquivava. Olha que coisa! Passou de raspão!
Mas sinceridade, não pegou não!

Sinceridade era aquela,
Não queria ruído.
Queria entender o que os outros entendiam. Falava o que sentia, perguntava sentidos. Queria partilhar sentidos. Queria direção comum. Comunicar e aprender.

E tudo aquilo, em uma gota de pingo de água.

19.8.05

Das percepções

Diz-se escrever poesia.
Pois eu vos digo viver poesia.
Pois eu vos digo sentir a poesia.

Porque o perceber é escrever, é criar. O que é o ato de viver se não um grande ato de criação. Criação para dentro porque dessa forma você se contrói e criação para fora porque é daí que você cria o mundo em que esta habitando. Assim cada ser senciente é responsável pela história de sua vida.

Deixo claro que não quero tirar a responsabilidade das costas de um poder constituído de lutar por um bem comum a todos. Estou expondo um ponto de vista individual. Que acredito que deva ser seguido levando em consideração a relação indíviduo-percepção-mundo.

Não é uma forma de dizer você é feliz por que não quer! Mas sim de dizer, e você pode ver a beleza em toda parte. E nesse momento vai perceber que pode sorrir e que a vida é bela.

Mesmo tendo que ser lutada.

Poéticas de rua

Duas vezes já aconteceu.

Este empírico em sua condução coletiva comum(muito chamada de ônibus corriqueiramente) e percebe toda uma poesia de sobrevivência.

Crianças e jovens aproveitam de formas criativas aquele momento mágico(trágico?) em que o semáforo emitia aquele código vermelhoque dizia para os carros: "parem" e para estes jovens: "Vivam".

1º momento

Uma sincrônia perfeita. Um balé! Um balé! Os jovens colocavam as embalagens de doces que vendiam nos retrovisores dos carros. O código era simples e funcional: Se o motorista puxasse a embalagem para dentro, iria comprar o produto. Como sabiam o preço? Simples, afixado a embalagem existia um papelzinho "xerocado" que informava. Mas o que me impressionou mais ainda era a maneira como sabiam que tinham pouco tempo para que a luz indicasse outro movimento para os veículos. E como voltavam rápidamente para coletar aquelas embalagens ainda sem dono...

O balé de esforço e suor tinha acabado em mais um ato;

2º momento

Este foi bem rápido, e infelizmente não pude ver com tanta atenção quanto gostaria. Enquanto o dito ônibus passava pude ver em outra via o que considerei simplesmente espetácular. Três crianças, coitadas, três! Uma em cima da outra enquanto a que estava mais a cima fazia malabarismos com tres esferas que podiam ser bolas de tênis ou limões(mais facilmente)!!! Não pude deixar de virar o rosto impressionado com a habilidade daquelas crianças! Impressionante!

Que potencial, que potencial... Mas nós damos mais valor aqueles poderosos que ficam dentro de nossas máquinas de ver longe... E não vemos toda a poesia de sobrevivência que esses jovens passam diariamente.

Uma vez uma amiga me críoticou ao ver beleza em montes de fotos de pessoas miseráveis. Dizia ser estética da pobreza... ou alguma coisa assim. Mas isso não é verdade, é apenas o perceber toda a beleza que existe nesses seres humanos e em suas lutas contra aqueles que pertencem ao lado negro da força...

Malditos...

Agora tenho que ir trabalhar. Estou doente e com a face direita doendo, mas tenho que trabalhar!

Poéticas de sobrevivência.

18.8.05

A respeito do Tempo Parte 15

E viu,
esteve lá o tempo todo
Era tão fácil enchergar

Sempre soube onde estava

Era o tempo...
E andava com passinhos de criança
Aqueles passinhos sapecas de não querer ser visto

Mas não tão ingênuos
Não tão ingênuos

Mas você é bobo
Acredita naqueles passos

Não é a primeira vez

E fecha os olhos

Então, sente a correria
Aqueles passos desesperados

Fogo?
Aonde?

Abre os olhos!
Rápido! Rápido!

E foi...
Já era,

Olhe com cuidado:

Era o tempo...
E andava com passinhos de criança
Aqueles passinhos sapecas de não querer ser visto...

15.8.05

Das possibilidades Capítulo que se perde de vista

Queria escrever-se
Mas faltavam-lhe palavras
Não conhecia os verbetes
O seu repertório de signos era curto

Acabou por se misturar entre letras
tantas conjunções e artigos indefinidos
Apenas se misturava em uma torrente de palavras que não fazia nenhum sentido

Não escrevia-se
Era escrito, mas não,
não estava descrito

12.8.05

Ouvidos Empíricos

Já falei alguma coisa sobre como a visão é incrível. Pra mim é o sentido mais formidável que nós temos, nada como ver cores... Mas alguém já parou para escutar? Simplesmente escutar? As vezes quando saio de caso fico andando e escutando as coisas, carros, serrarias, passos... é uma coisa linda sabe?
Desde que comecei a fezer isso descobri que adoro sons de líquidos, da água borbulhando quando uma colher de açucar cai, de água quando sai de uma garrafa e entra no copo...

Ouçam, ouçam, ouçam!

8.8.05

Olhos empíricos

Me deparei com o estonteante Clã das Adagas Voadoras. E nada pode ser descrito aqui que venha a substituir o que pode ser visto. Como é maravilhoso o sentido da visão! Nada que se escreva ou que se ouça pode substituir a maravilha de ver aquelas cores(também é assim no filme A Fantástica Fábrica de Chocolates de Tim Burton)... Quantas cores, e como são colocadas de maneira sensível! No lugar certo!
E os combates são realmente poéticos. As lutas parecem uma mistura de dança e sonho.

Isso, e a música... Maravilhosa...

Vejam, vejam, vejam!

Das possibilidades capítulo escondido

Olhou-se no espelho
Não era mais ele
Não era o que ele esperava
Ainda assim era ele

Outros olhos
Outra língua
Ocorreu. era o inesperado

E ainda assim era ele

E foi

Não com quaisquer passos
Mas com os próprios pés
Com eles mesmos

Não poderiam ser com outros
Mesmo querendo serem outros

Poderia se arrastar, correr ou pular
Mas seriam com aqueles pés
Apenas aqueles pés
Aonde quer que quisesse ir

Um passo atrás do outro
Uma vida atrás da outra
Um sonho atrás do outro

Apenas abaixou a cabeça
E disse sim,
[queria dizer não
Não havia como ser diferente
Não havia como se rebelar

Não se fosse de verdade

27.7.05

Do amor parte infinito - 0,125

Procurava outros olhos
espelhos, espelhos
Queria se ver

Procurava olhos
Não quaisquer olhos
Não os seus olhos

Outros olhos
E se viu
E se perdeu...

9.7.05

Do amor parte infinito - 0,25

A REUNIÃO DOS DOIS

Era uma reunião
Ele de cabelos desgrenhados e de maneiras debochadas
Ela de corpo simétrico e de passos cronometrados

Cheia de pastas ela vinha
Atrasado ele chegava

48minutos e 12 segundos ela pensava
[do atraso
Apenas um tempinho. “FoI mALL!”
[ele justifica

Aquela era a reunião
Ela com gráficos e argumentos
Ele com sono e avoado

Discutem e discutem
E brigam
[é claro
Nem podia ser de outra maneira...

Ela: “Uma perda de tempo desnecessária!”
Ele: “QuE saCCo de DIscussÃo!”

Parecem que a lugar nenhum vão chegar
Ele não quer desistir
Ela: “Ora, mas estamos no prejuízo!”
Ele nem sonha em desistir
Ela: “São 8 meses, 15 dias e 44 horas no vermelho!”
(Para ele era uma eternidade)
Não iria desistir

Ele acha que vai acabar passando...
E brigam
[é claro
Nem podia ser de outra maneira...

Mais um final de discussão
A razão diz: “Daqui a 3 dias, novamente...”
[esta cansada
“AgEnTe C vÊ
[o coração enrola

2.7.05

Da educação 67º Capítulo

A educação esta falindo. Uma das instituições que a sociedade parece precisar para manter um sentido e assim continuar sendo, e hoje com o esvaziamento dos sentidos(ver Do esvaziamento dos sentidos, no começo do blog) a comunidade parece querer apenas a existência de certas convenções antigas, pelo ver limitado deste empiríco isso parece dar uma certa tranquilidade, e uma idéia de arraigamento tradicional, mesmo que seu sentido esteja perdido.
Mas não estou aqui para discutir sobre isso.
Atualmente o ensino parece ter uma função principal aos olhos da sociedade(esta função é mais evidente no caso do ensino fundamental e ensino médio) o de possibilitar ao indivíduo ingressar no mercado de trabalho. Isso pode ser visto em cursos mais direcionados a nível do antigo segundo grau. Embora seja muito limitado esses tipos de cursos, parece que o ensino tem dado conta desse ponto.
A antiga função do ensino de formar uma pessoa em diversos campos de saberes parece ter se perdido, não há importância se não vier atrelada a dinheiro e funcionalidade. O aspecto nobre do conhecimento parece ter se perdido.
Mas devemos nos despir de conceitos antigos para ver esses novos. Ora, não é injusto a sociedade exigir um ensino que ajude-a a lidar com situações do dia a dia. A meu ver o ensino deve mesmo ser uma resposta a atualidade em que esta constiuída. O ensino não pode e não deve estar defasado com a realidade em que se encontra. Tem que estar inserido e contextualizado, se não o que se aprende vai se perdendo...
O problema é que assim a vida em conjunto pode ir se descontextualizando. Afinal o que é importante para a sociedade como um todo? Em que direção devemos trilhar?
Se a sociedade dá um bem para o indivíduo, no caso o ensino, esse deve devolver para a sociedade outro bem. Grupos culturais deveriam colocar em questão o que é o bem comum de sua comunidade, e deixar o espaço dialógico aberto para que andássemos na direção de uma sociedade onde as coisas funcionem de forma a satisfazer o máximo possível.
Claro que para isso teriamos que ensinar coisas consideradas inúteis pela deontologia atual, a ideologia de mercado. Mas não seriam inuteis para o bem comum de vida em conjunto.

Um ponto que não irei me aprofundar no momento, embora o indivíduo comum faça críticas ao fato de ter que aprender no ensino médio matérias que não venham a afetar sua vida profissional no futuro, até onde sei isso é positivo pelo fato que se desenvolve espaços diferentes do cérebro, assim criando ligações mais fortes e mais facilidades para resolver problemas.

Mas enfim...

30.6.05

Do que deve ser escrito Capítulo Parte 15

Alguns diriam que este empiríco seria o pior tipo de analfabeto, e talvez até seja. Meu conhecimento político beira a zero, se alguém que ler isso aqui achar que tem alguma metáfora no que eu disse, eu concordarei, mas a metáfora não esta no "zero", mas sim no "beira". Conheço toda a importância de conhecimento político. Se queremos alguma potência de mudança temos que conhecer o que é o normal, e bem. Temos que utilizar do conhecimento arma. Concordo com todas essas coisas.
Porém quando meus olhos se deparam com aquela linguagem extremamente monótona e dubitável do texto jornalístico, sinto uma certa ansiedade. Este empírico tem tão pouco tempo graças a essa lógica de mercado atual, tão pouco tempo para ler. E há tanta coisa maravilhosa para ser lido neste mundo... Sim me sinto meio culpado de conhecer pouco de política, e até é um projeto corrigir esse erro- queria ser potência de mudança, mas ultimamente não tenho feito isso.
Agora existe algo que discordo: dizem que a ficção, a fantasia, só servem a distanciar o homem dos problemas mundanos. Parece que tudo que deve ser escrito deve ter uma ligação com o prático, com o funcional. Se o homem fosse só funcional acho que dificilmente não iria se render a lei da sobrevivência cega. Acredito que deva-se escrever sobre tudo. Acredito que o homem deva escrever sobre o real, sobre a sua vida. E se este homem vive entre elfos e duendes, nós só podemos invejá-lo.
A vida pode ser linda aos olhos humanos, e defini-la com números e funcionalidade, como utilitários práticos não seja a forma "real" de retratar essa vida. Não sei, acho que existe espaço para tudo, para números, filosofia, marxismo e até botânica.

Seus olhos estavam quebrados
Tinha escolhido assim

Cada pedaço de uma cor diferente
Cada espaço de tamanho diferente

E era só um olho

29.6.05

Do sentir Parte 21

Eram dois personagens na epopéia do sentir. A tristeza e a alegria.
A primeira era como um buraco negro, tudo tentando sugar para dentro de si, tudo que estava em seu caminho queria. Egoísta, quer destruir o mundo por que acha que seu mundo esta destruído.
A segunda era linda, por onde caminhava espalhava sorrisos, não tirava nada... apenas dava, gostava de presentear.

Tentando espalhar sua graça em espaços vázios.

27.6.05

Do objetivo dos homens cap XVII

Olhou para cima e teve medo

Lá tinha montanha
Lá tinha neblina
Lá tinha?

Olhou para baixo

Podia sentar

Aristóteles dizia que o homem carecia de um sentido para sua vida para se fazer homem. As pessoas precisariam de uma lógica que justificasse suas vidas. Fosse Deus, fosse filosofia, ou o que quer que fosse.
Este empírico acredita nisso, acredita no Devir do Super-homem como objetivo.
O Devir é um constante movimento, para Heráclito tudo o que poderia defenir alguma coisa como existente era o que existia em movimento. Se um homem entrasse em um rio, quando saísse tanto o homem quanto o rio não seriam mais os mesmos. Esse movimento contante de transformação quer seria o Devir.
Pelo que esse empiríco apreendeu de Nieztche, e nem terminei de ler o único livro dele que tive contato, - Alias leiam Assim Falou Zaratustra, a coisa é muito boa - O Super homem é um objetivo que deveria ser buscado pelo homem que procurasse a superação. Os homens não deveriam se satisfazer com aquilo que é dito normal e imposto por uma instância dita maior, mas procurar crescer nunca se satisfazendo consigo mesmos.
No que entendi de Assim Falou Zaratustra, o Super Homem é um movimento que não acaba em vida, ele precede a vida dos homens. Assim o movimento em direção do Super Homem, que chamo aqui de Devir do Super Homem, é uma tarefa atemporal e infinita.
A superação deve ser o objetivo do homem.

E é nisso que esse empiríco acredita.

25.6.05

Do amor parte infinito - 0,5

Muito se falou do amor.
Filosofos falam do amor, poetas falam do amor, cientistas falam do amor,
ministros da fé falam do amor.

E muito ainda se falará do amor(acredito). Mas poucos deles saberão do que estão falando tão bem quanto os músicos. A maneira mais clara de se falar do amor para este empiríco é com música, só com a música parece que se consegue atingir um ponto profundo em nós que nada tem a ver com consciência, números ou toque, e esse ponto sabe-se lá Deus onde esta se estabelece, se conecta com esse bem maior, e se encherga.

24.6.05

A respeito de Deus Parte inteligível

Me lembro de um professor que falava em tom jocoso sobre os rumos da crença em Deus nos dias atuais. Ele críticava o fato de hoje cada um ter seu Deus pessoal, a religião não dizia mais que era a Entidade Suprema, era cada indíviduo. Aquilo batia direto com algo que eu acreditava, eu também tinha meu Deus pessoal, e aquilo me incomodava um pouco. A verdade é que a engrenagem de sociedade nos individualiza tanto nos dias atuais que criamos cada um de nós príncipios éticos diferentes, e um Deus só não consegue dar conta dessa multiplicidades de pessoas que querem dar um sentido, e uma justificativa, para suas vidas.
Este empiríco acreditava(e ainda gosta de acreditar) que se existisse mesmo um Deus, ele não seria esse Gugu Liberato que as pessoas acreditavam Ele ser. Deus não estaria no "Acredite que você ganha", ele estaria em uma força que cada indíviduo pudesse receber na situação que estivesse, por pior que fosse, que o diria: "Você aguenta, tente. Pode dar errado, mas viva". Só assim na limitada visão desse empiríco Deus estaria realmente para todos.
Um filósofo disse uma vez(acho que foi Spinoza, mas posso estar errado) que se Deus existisse ele estaria muito acima de nossa compreensão. Isso é algo em que acredito, se existe mesmo algo sobre nossas cabeças, uma cabeça que planejou tudo isso, e que participa do jogo de uma forma contínua, Alguém que esta em todos os lugares, e não é passado, presente ou futuro -esse é o Deus cristão é claro, mas existem exemplos inteligíveis em outras crenças, só não conheço-as bm para colocar como exemplo- então esse Alguém esta acima de nossa percepção. E como esta empiríco conciente disso poderia achar que sua experiência limitada como ser humano sujeito a uma percepção errada da vida fosse mesmo dar conta desse Deus.
Como esse ser minúsculo poderia olhar cara a cara com esse Super Indíviduo que projetou desde o nada até o tudo e dizer para ele o que era certo ou errado?
O empiríco prefere reconhecer a sua ignorância de Deus a reconhecer esse a enlata-Lo...

23.6.05

A respeito de Deus Parte incompreensível

A beleza existe até nas possibilidades,
acho que principalmente nas possibilidades.

Sem dúvida sou agnóstico, não consigo mais negar essa realidade.Para acreditar no sagrado se precisa crença. A crença necessita falta de dúvida.
Ora no universo de coisas experimentada pelo empiríco Deus é uma grande questão.
Se por um lado não se pode ter certeza de sua existência, do outro não se pode provar sua não existência. Este empiríco acredita que o movimento do homem para Deus é natural. Ora, somos animais, vivemos toda a história evolutiva nos especializando a sobreviver, só aqueles mais aptos a sobreviver é que geravam herdeiros. Imagine o que acontece quando aquela ameba que sabia se esconder como tal ganha a consciência que existe, e de bônus que vai acabar. Não é dificil de imaginar que aquela ameba precisaria de subterfugios para acreditar que não iria terminar sua existência, sobreviver é o que sabia fazer melhor. Mesmo assim o fato do caminho para Deus ser natural não é prova de que Ele não exista, e sim que poderia ser inventado mesmo que não existisse.
Do outro lado temos todas as teorias e realidades físicas, biológicas, astronômicas e etc. Tudo que temos em nossa volta do menor átomo até uma super nova, do sentimento de proteção de uma marmota americana pelos seus descendentes até a paixão de um garoto pela sua professora. Tudo isso carrega um sentimento de perfeição infinita, parece que alguém criou uma sinfonia meticulosa, uma obra de arte na visão deste empiríco. Mas esse parecer não confirma a Sua existência, pode mesmo ser tudo apenas uma coincidência cósmica. Quando se trata de uma centena de milhares de anos(ou o quer que seja o tempo que exista o resto das coisas sobre nossas cabeças) uma coisa impossível vai se tornando bem passível de acontecer...

Apenas não sei, mas uma coisa posso confessar, por mais agnóstico que seja, prefiro ficar entre religiosos preocupados com o destino de minha alma do que mundanos que me transformam em vantagem numérica...

11.6.05

Da intangibilidade visual das corporações cap 17,25

Não existe muita dúvida no fato da importância que as corporações tem nas vidas da pessoa comum, nomes como Coca-Cola, Mc'Donalds e Nike influênciam nossas vidas e tem impacto direto e extremamente relevante na realidade atual, muitas vezes mais do que os governos locais. As estruturas multinacionais não tem bases em canto nenhum do globo e escolhem qual lei é mais conivente na transformãção de pessoas em números.
Porém os grandes departamentos de mídia parecem que "estranhamente" não percebem essa importância. Raramente se vê alguma nota que não seja de algum lançamento de produto ou serviço na mídia.
Assim aos olhos do consumidor comum de informação enlatada essas corporações tem algo de idílico, nunca é dito nada sobre a Nike que não seja um comercial fugaz de alguns segundos. Um sonho. Parece que é assim a maneira habitual de se ter algum contato com qualquer representatividade que essas marcas tem objetivamente sobre as vidas de todos os empirícos desse mundo.

Replicando-se, Replicando-se, Replicando-se

Da ausência do nada e do destino às avessas capítulo perdido

Da impraticalidade do "se" no passado, este empiríco tem alguma coisa a dizer. Não existe possibilidade passada. O "se eu tivesse(...)" não é possibilidade, é impossível. Não existe cálculo, já aconteceu, já foi escrito e não existe borracha para apagar. O "se" no passado nesse sentido é impráticavel é uma hipótese amarrada em impossibilidades, uma coisa teria que acontecer, ora já não aconteceu.
Então de alguma forma existiria um destino, as coisas se escrevem, e não podem ser mudadas. Que não entre nesse debate, pelo menos no momento, qualquer teoria física que comente o contrário. Até acredito que devam ser pensadas, mas o fato é que elas não tem nenhuma capacidade de serem notadas em uma linha de vida perceptiva, até onde sei.
Os fatos teriam apenas uma forma de se sucederem, a maneira como aconteceram. Não existe passado provável. E dessa forma constatamos que não existe passado errado, ou mesmo certo. Parece claro que a dicotomia certo/errado não tem função de existir em um discurso que contenha a impraticalidade de uma segunda escolha, esse dicurso pode até assumir outras funções, mas não tem a função de escolha. Pelo menos não no tocante do que já foi feito.
O pouco contato que tive com Nietzche(me corrijam se estiver errado) fez com que este empiríco entendesse como postura crítica o que ele dizia sobre o arrependimento. Como ação para o passado o arrependimento seria inútil. Nesse sentido podemos concordar facilmente. Ora, se já aconteceu, se foi uma escolha nossa, por que deveriamos nos prender nesse passado? Concordemos que o arrependimento preso ao passado seja uma ferramenta inútil. Porém esse empírico acredita em outro tipo de arrependimento, o arrependimento preso em causas futuras. O "não fazer mais", o "se preocupar com o que não foi escrito", esse arrependimento talvez seja capaz de levar ao super-homem, o sobre-humano nieztcheano, no sentido que esta preocupado com uma ação que ainda não foi.
Quanto ao fato de aquela situação ocorrida no passado só ter aquela forma de acontecer, pelo menos seguindo a lógica proposta aqui definida, acredito não haver muita dúvida. Porém, quanto ao fato de já existir no futuro isso escrito não temos como saber, e não há motivo de adotar uma postura passiva, se temos a maravilha dessa incerteza.
O empiríco vota para que lutemos por nosso livre arbítrio, livre arbítrio futuro.

Olhou para trás,
viu um corredor de possibilidades

Para frente
Viu ar
Viu neblina

Na verdade,
não sabia o que via

Sentiu o cheiro da dúvida

9.6.05

Do amor parte infinito-1

No que pode ser avistado pela visão nublada desse empiríco existem duas formas de amor:
O amor em potência e o amor em ato.
O primeiro é o ato de amar, de gostar de alguém, ter estima. Se for considerado atitude é uma atitude para si mesmo, pois o outro não recebe nada nesse estágio. Mas esse empiríco não acredita nesse estágio como sendo uma atitude, ação consciente da mente para com o corpo. Parece mais uma espécie de contágio que deixa o indíviduo a sua merce. Tem substância, mas só pra quem o sente.
O segundo é a atitude de amar, a escolha de amar, de cuidar, de se fazer necessário, o preocupar-se, o sofrer pelo próximo. É a única maneira que o outro pode medir o amor do próximo, pois esse amor é pálpavel no mundo físico, não é uma abstração e nem é mistícismo. Este amor luta por fazer-se perceber no mundo, e não tem pretenção de se esconder em um casulo que se protege, e que apenas espera uma resposta para essa sensação.
O amor em ato transcenderia então o amor em potência no sentido que transborda, transborda até atingir o próximo, luta por criar laços e não fica satisfeito enquanto se vê confinado nas muralhas do corpo.

O espiríto esbarrou nas muralhas do corpo
Como uma bexiga, inflou
Quis fugir

Fugiu

7.6.05

A respeito do título Parte 13

O que é Ruído?
Som indistinto, som sem harmonia*? Não aqui, não na comunicação, que é o campo que esse empírico se vê amante. Ruído na comunicação não precisa necessariamente estar relacionado ao sentido da audição, mas ruído é qualquer interferência de origem diversa que corrompa o sentido de uma mensagem.

A respeito do título Parte 12

Em primeiro lugar por que um blog cujo nome de Oficina de Ruídos tem o endereço www.empirismoemprosa.blogspot.com e não www.oficinaderuidos... blablabla(vocês entenderam...)? Bem, na verdade o objetivo deste empírico inicialmente era colocar o nome do blog como Empirismo em Prosa, porém depois de algum cansativo trabalho em cadastrar o blog, tive a idéia daquele nome e me apaixonei por ele, e bem como a ação é empírica admite mudanças conceituais no meio do seu curso, como é o caso dos versos muitas vezes substituindo a prosa.

6.6.05

Da ausência de tempo Cap 100 Tomo x+y

SEM TEMPO PARA TÍTULOS

Amontoa
Amontoa

Quebra-cabeças,
Mas esta montado,
Sem arestas(esta no meio)

Segundos são moedas
Minutos nossas notas
Inflação!
Sobe, sobe, sobe

Pensei?
Nem sei

Corre, nem vai dar tempo,
Deu, mas não deu
Não tá dando, mas tá dando!

Amontoa
Amontoa

"Aos poucos, Momo foi compreendendo que cada nova flor era bem diferente da anterior e que sempre aquela que acabava de desabrochar parecia a mais bonita de todas. "
-Momo e o Senhor do Tempo

5.6.05

Da especificidade das faculdades cap. gH14

Com relação ao papel da faculdade na sociedade atual, com olhos empirícos sempre, reservarei alguma nota posterior. Agora pede-se que se deixe falar do problema da especificidade curricular das faculdades. Ora, as faculdades direcionam os pensamentos, são matérias e matérias definidadas pro uma grade estabelecidade para duas aparentes finalidades:
a) Criar uma possibilidade prática e intelectual que permita com que o(a) estudante tenha meios de se inserir no mercado profissional e;
b)Criar conhecimento acadêmico dentro dos âmbitos direcionados pelo assunto norteado pelos objetivos do curso.
Não parecem haver outras funções a meu ver dignas de nota para a universidade. Este texto não tem por objetivo dicutir se o papel da universidade nesse sentido esta errado, muito pelo contrário, esse papel objetivo, não apresenta furos de lógica para este empiríco. O que se encontra em risco é a construção de conhecimento do indivíduo. Há muito tempo que o valor do conhecimento como virtude caiu por terra, agora esse valor deve ser convertido em lucros, em números funcionais, em uma lógica de mercado que invade o sangue da humanidade envolvida cada vez mais no sentido do global.
A afirmação: A Universidade aliena. O conhecimento sem dúvida deve ser direcionado na faculdade, mas o conhecimento direcionado aliena. Biólogos discutem com cientistas sociais querendo provar que outro esta errado. Falam de assuntos diferentes. Um absurdo na limitada visão desse empiríco que vos (vos?) fala.
A resposta para a busca por esse conhecimento para aquele que vos(será mesmo vos?) fala é o caminho do estudo indívidual, que infelizmente não pode ser conseguida dada a logística atual de venda de corpos e tempos caros que a grande engrenagem nos faze passar.

Neste cenário a única resposta será a humildade. Humildade no sentido de reconhecer a impossibilidade de apreender toda a realidade, para criar a vontade de desconstruir o contruido todos os dias.

4.6.05

Do esvaziamento dos sentidos 1.01

o lago era grande

atingia várias paragens
atingia todas paragens

fedia,
todos sorriam,
Veja! não há o que cheirar

o lago era raso
mal tocava os pés
e as larvas não paravam de se replicar

Me estenderei em prosa a parti daqui: É o sentido que que o mecanismo toma, o esvaziamento dos sentidos. Sentidos rasos, replicando-se, replicando-se, sem nenhum controle. Apenas números.
Che Guevara, herói da revolução cubana, acreditava viver em um mundo corrupto e foi assassinado por lutar pelo que acreditava. A vingança da engrenagem não podia ser pior. Esse herói se torna um escudo, um símbolo. Um símbolo de si mesma.
O capitalismo se apropriou da imagem de Che Guevara e a exibe em camisas da C&A, a sua vingança e mudar seu sentido, Ernesto Guevara se torna uma estampa legal. Se você fizer uma compra de mais de R$ 50,00 você pode parcelar em até 7 vezes! Você não pode perder! VEJA! VEJA! VEJA!
Não vão haver templos propagando seus idéias, um mundo de ideias não mudaram. Mas sim, ele foi crucificado nos peitos de quem fez esse tipo de compra, pelo menos enquanto a moda durar. Replicando-se, replicando-se.