29.8.05

Coração meu

(influenciado pelo ultimo CD do Los Hermanos)

Ah, coração meu!
Ainda por aqui?
Quem diria?

E esta lá! Pra quem quiser ver! É só olhar! Ora, vire a cabeça! E sinta como retine!!!!!

Retine
Em carne, é física!
Em sonho, é filosofia!!!

E quantas exclamações!!!!! Tantas e tantas que vão se amontoando uma atrás da outra.
Dando ritmo e compasso!

E que sapeca! Nem se escondia. Nem via motivos!
Dançava ao som das exclamações.

Era a coragem, sabia! Tinha tanto, e nenhuma vontade de guardar!

O sorriso era maior que si mesmo, tinha que colocar pra fora...

Dançava pra isso!

Não queria parar nunca.

27.8.05

O conceito do Escravo Feliz


Queria se afogar sozinho naquele mar de esperança, se jogar sorrindo daquele prédio de expectativas.
E cantava aquela música diferente de todas as outras.
E cada um cantava uma música diferente de todas as outras.
Mas estava misturado. Misturado em uma multidão. E de longe aquilo soava como sinfonia...

A gata

Era uma gata que fugia de carinhos, tão boba. Até irritava. Estavamos lá oferecendo toda nossa amabilidade e aquela criatura, bichinho de quatro patas, corria como um míssil.(Será que míssil corre?). Como podia? Como era idiota aquele bicho! Não podia reconhecer nas nossas intenções depois de anos de convívio toda boa intenção que tinhamos em nossos olhos, amor humano!

E agora tinhamos um cachorrinho. Tão pequeninho, tão bonitinho. Esse gostava de carinho. Não podia ser exemplo? Será que aquela gata, com nome de menina, não percebia que dódoi nela não fariamos?.
Mas quem disse que era medo? O homem! Quando tinha fome a criatura não nos procurava? E quem era idiota? Ô, arrogância de homo sapiens. Seria difícil perceber o que era tão óbvio? A gata não tinha medo de nós! Nem tinha motivos para isso... A gata simplesmente não gostava de carinhos.

A gata não queria carinhos. Dizia: "Deixe-me em paz!"

Humanos...

(esse texto poderia estar melhor...)

24.8.05

Instante momento em um tempo infinito

E pensava em amores,
Amores amados,
Amores idos,
Amores inventados,

E sorria todos esses amores. Um sorriso ressequido em tempos maltrapilhos, reprimido em cantos de uma boca conformada na monotonia da linha reta. Mesmo assim um sorriso, e um sorriso de verdade.
Vázio de significado, mas pleno de emoção. Era um sorriso sem função.
Apenas um sorriso.
E era exatamente aquela ausência de sentido que o fazia sorrir naquele momento, agora era aquela felicidade sem causa que o fazia sorrir. Um ciclo tinha se formado bombeado ininterruptamente pelo orgão que pulsava.
Pulsava para as pernas.
Pulsava para os braços.
Pulsava para a cabeça.

E que cabeça, diriam.
Chamavam de cabeça grande desde que completara os quinze anos. Não entendia e nem via tamanha deformidade naquele corpo, flagelo, magrelo que carregava a alma já a tantas luas.
Mas sorria o sorriso dos francos que não podem negar que nos olhos dos outros não podem olhar.

Aqueles olhos.
Ora verdes, ora castanhos. Ora rebeldes, olhos mutantes. Que se ajustavam, diálogavam. Se alteravam, e perscrutavam. Olhos que queriam saber, olhos que queriam olhar.
Olhar para tudo.
Olhar com todas maneiras de olhar.
Sabiam inventar, olhos sapecas. Juntavam palavras que não tinham sentido:
Arco-íris de pastel,
Sonhos com cheiro de azul,
Banhos de intenções de bicicletas.
Achavam-no bobo. Até era bobo.
Mas conhecia a manobra. Cansado. Abria os olhos!
Mas se vinha caminhão esquivava. Olha que coisa! Passou de raspão!
Mas sinceridade, não pegou não!

Sinceridade era aquela,
Não queria ruído.
Queria entender o que os outros entendiam. Falava o que sentia, perguntava sentidos. Queria partilhar sentidos. Queria direção comum. Comunicar e aprender.

E tudo aquilo, em uma gota de pingo de água.

19.8.05

Das percepções

Diz-se escrever poesia.
Pois eu vos digo viver poesia.
Pois eu vos digo sentir a poesia.

Porque o perceber é escrever, é criar. O que é o ato de viver se não um grande ato de criação. Criação para dentro porque dessa forma você se contrói e criação para fora porque é daí que você cria o mundo em que esta habitando. Assim cada ser senciente é responsável pela história de sua vida.

Deixo claro que não quero tirar a responsabilidade das costas de um poder constituído de lutar por um bem comum a todos. Estou expondo um ponto de vista individual. Que acredito que deva ser seguido levando em consideração a relação indíviduo-percepção-mundo.

Não é uma forma de dizer você é feliz por que não quer! Mas sim de dizer, e você pode ver a beleza em toda parte. E nesse momento vai perceber que pode sorrir e que a vida é bela.

Mesmo tendo que ser lutada.

Poéticas de rua

Duas vezes já aconteceu.

Este empírico em sua condução coletiva comum(muito chamada de ônibus corriqueiramente) e percebe toda uma poesia de sobrevivência.

Crianças e jovens aproveitam de formas criativas aquele momento mágico(trágico?) em que o semáforo emitia aquele código vermelhoque dizia para os carros: "parem" e para estes jovens: "Vivam".

1º momento

Uma sincrônia perfeita. Um balé! Um balé! Os jovens colocavam as embalagens de doces que vendiam nos retrovisores dos carros. O código era simples e funcional: Se o motorista puxasse a embalagem para dentro, iria comprar o produto. Como sabiam o preço? Simples, afixado a embalagem existia um papelzinho "xerocado" que informava. Mas o que me impressionou mais ainda era a maneira como sabiam que tinham pouco tempo para que a luz indicasse outro movimento para os veículos. E como voltavam rápidamente para coletar aquelas embalagens ainda sem dono...

O balé de esforço e suor tinha acabado em mais um ato;

2º momento

Este foi bem rápido, e infelizmente não pude ver com tanta atenção quanto gostaria. Enquanto o dito ônibus passava pude ver em outra via o que considerei simplesmente espetácular. Três crianças, coitadas, três! Uma em cima da outra enquanto a que estava mais a cima fazia malabarismos com tres esferas que podiam ser bolas de tênis ou limões(mais facilmente)!!! Não pude deixar de virar o rosto impressionado com a habilidade daquelas crianças! Impressionante!

Que potencial, que potencial... Mas nós damos mais valor aqueles poderosos que ficam dentro de nossas máquinas de ver longe... E não vemos toda a poesia de sobrevivência que esses jovens passam diariamente.

Uma vez uma amiga me críoticou ao ver beleza em montes de fotos de pessoas miseráveis. Dizia ser estética da pobreza... ou alguma coisa assim. Mas isso não é verdade, é apenas o perceber toda a beleza que existe nesses seres humanos e em suas lutas contra aqueles que pertencem ao lado negro da força...

Malditos...

Agora tenho que ir trabalhar. Estou doente e com a face direita doendo, mas tenho que trabalhar!

Poéticas de sobrevivência.

18.8.05

A respeito do Tempo Parte 15

E viu,
esteve lá o tempo todo
Era tão fácil enchergar

Sempre soube onde estava

Era o tempo...
E andava com passinhos de criança
Aqueles passinhos sapecas de não querer ser visto

Mas não tão ingênuos
Não tão ingênuos

Mas você é bobo
Acredita naqueles passos

Não é a primeira vez

E fecha os olhos

Então, sente a correria
Aqueles passos desesperados

Fogo?
Aonde?

Abre os olhos!
Rápido! Rápido!

E foi...
Já era,

Olhe com cuidado:

Era o tempo...
E andava com passinhos de criança
Aqueles passinhos sapecas de não querer ser visto...

15.8.05

Das possibilidades Capítulo que se perde de vista

Queria escrever-se
Mas faltavam-lhe palavras
Não conhecia os verbetes
O seu repertório de signos era curto

Acabou por se misturar entre letras
tantas conjunções e artigos indefinidos
Apenas se misturava em uma torrente de palavras que não fazia nenhum sentido

Não escrevia-se
Era escrito, mas não,
não estava descrito

12.8.05

Ouvidos Empíricos

Já falei alguma coisa sobre como a visão é incrível. Pra mim é o sentido mais formidável que nós temos, nada como ver cores... Mas alguém já parou para escutar? Simplesmente escutar? As vezes quando saio de caso fico andando e escutando as coisas, carros, serrarias, passos... é uma coisa linda sabe?
Desde que comecei a fezer isso descobri que adoro sons de líquidos, da água borbulhando quando uma colher de açucar cai, de água quando sai de uma garrafa e entra no copo...

Ouçam, ouçam, ouçam!

8.8.05

Olhos empíricos

Me deparei com o estonteante Clã das Adagas Voadoras. E nada pode ser descrito aqui que venha a substituir o que pode ser visto. Como é maravilhoso o sentido da visão! Nada que se escreva ou que se ouça pode substituir a maravilha de ver aquelas cores(também é assim no filme A Fantástica Fábrica de Chocolates de Tim Burton)... Quantas cores, e como são colocadas de maneira sensível! No lugar certo!
E os combates são realmente poéticos. As lutas parecem uma mistura de dança e sonho.

Isso, e a música... Maravilhosa...

Vejam, vejam, vejam!

Das possibilidades capítulo escondido

Olhou-se no espelho
Não era mais ele
Não era o que ele esperava
Ainda assim era ele

Outros olhos
Outra língua
Ocorreu. era o inesperado

E ainda assim era ele

E foi

Não com quaisquer passos
Mas com os próprios pés
Com eles mesmos

Não poderiam ser com outros
Mesmo querendo serem outros

Poderia se arrastar, correr ou pular
Mas seriam com aqueles pés
Apenas aqueles pés
Aonde quer que quisesse ir

Um passo atrás do outro
Uma vida atrás da outra
Um sonho atrás do outro

Apenas abaixou a cabeça
E disse sim,
[queria dizer não
Não havia como ser diferente
Não havia como se rebelar

Não se fosse de verdade