23.9.08

Construindo pontos finais.

.Hoje começo escrevendo por ponto final. pois que percebo que quando escrito está. fica. e se apagado é. será lembrado. Decidido está. porque escrito foi. Ficou. colou. e agora acabou por não ter mais volta.

Foi que alguém inventou essa coisa de escrever. Acho que incomodou essa história de deixar as coisas lá atrás. Quando fizeram nem podiam ter noção. se você escrevia. colocava pra fora o que era só seu. perdia em suporte um pedacinho daquilo que tinha dentro de si. outros chamavam escolher.

Mas na minha opinião. Nem todo mundo concorda. Por que você faria. Espaço em branco é pra ser preenchido. Pode ser com caneta. com bits. ou com esquerda. ou direita. E depois de escrito. não sei se você concorda. perde um pouquinho de seu sentido. Lá atrás ficou. procure outra brancura pra preencher.

Depois de feito. pronto. Da próxima vez você faz diferente.
Ou pode até fazer igual. Só não esqueça que com três pontos juntos você faz coisa diferente...

Foi que alguém inventou essa coisa de escrever. eu acho que foi Deus,

14.9.08

um título qualquer

,sou um sujeito estranho que gosto de começar as coisas pelo meio, Meto uma vírgula no frente das coisas, invento um título qualquer pra dar cara de começo, e saio da cama com os dois pés juntos pra não dar margem ao azar, Tropeço vez ou outra um monte de vezes, e me coloco nesse risco riscando o rosto com um sorriso,

Minha testa tem alguns riscos em função disso,

,que venham mais alguns,

,acontece que sujeito de certezas grita incertezas sem ponto de interrogação, É estranho, mas é assim, Pois meio que tento modificar paisagens pintando as coisas com os olhos e fico com cara bovina ao ver certo virando errado, errado virando certo, e certo virando errado de novo,

,mas é assim porque começa com vírgula, e se você acha que tava entendendo é porque não leu direito,

,desse jeito acho que o melhor é preencher essa vida com um monte de vírgulas, porque assim empurro o ponto final pra bem longe daqui,

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10.9.08

O povo nas, bolhas, (epifania)

Não é possível calcular o ínicio, pois que aconteceu há tanto tempo e tão de dentro que não tem quem testemunhe. A falta de lembranças me faz crer ter começado em tempos de cabeças curtas. Acho então que começou quando era míudo.

Acho que não fiz sozinho, mas não tem como fazer isso sem ter escolhido. Talvez tenha sido em anjo que aconteceu, não sei. O que é de verdade? Estou em uma, bolha, já faz muito tempo. Se me colocaram lá, teve alguma hora em que tive que aceitar.

Com o tempo percebe-se não ser exclusividade sua, existem outros poucos. Alguns acham que as, bolhas, servem para proteger, mas, bolha, quando é, bolha, estoura fácil. A, bolha, serve pra separar, a, bolha, serve pra expor que somos diferentes.

Alguns não percebem as, bolhas, em volta de si mesmos. Os com olhos mais precisos percebem que os outros sempre estão do lado de fora, são as pessoas sem, bolhas,. Elas falam como que personagens de histórias em quadrinhos, tudo que é dito está escrito em, balões, distantes e limitados pelo pequeno quadrado daquele instante.

Somos diferentes daqueles porque as, bolhas, não deixam o que falemos fugir pra muito longe. Está tudo tão perto que por vezes ecoa em nossos ouvidos.

Algumas pessoas criam a, bolha, mais velhos que eu,
outras muitas as estouram para se misturar
poucas fazem a, bolha, crescer de novo


Eu as entendo, é díficil ter seu reflexo sobre tudo que se enxerga.

6.9.08

Pés no mundo

Imagem: Modèle Rouge, Magritte.


Quem não tira os pés de cima do mundo não chega a lugar nenhum. Fica naquela de colado e como que acostumado com o que vê, sempre acaba por não ver mais nada.

Eu que sou sujeito de pensamento longe, penso pra lá de distante disso.
Tiro meu sapatos, pra não ter peso nenhum nos pés, e corro descalço por aí...

Às vezes passo por relva e às vezes por pedregulho. Olho pro pé cheio de calo e unha encravada e meio que sinto vergonha e meio que sinto orgulho.

Quem não tira os pés de cima do mundo não chega a lugar nenhum. Escolhe conhecer um tudo que é menos menor que o resto.