10.9.08

O povo nas, bolhas, (epifania)

Não é possível calcular o ínicio, pois que aconteceu há tanto tempo e tão de dentro que não tem quem testemunhe. A falta de lembranças me faz crer ter começado em tempos de cabeças curtas. Acho então que começou quando era míudo.

Acho que não fiz sozinho, mas não tem como fazer isso sem ter escolhido. Talvez tenha sido em anjo que aconteceu, não sei. O que é de verdade? Estou em uma, bolha, já faz muito tempo. Se me colocaram lá, teve alguma hora em que tive que aceitar.

Com o tempo percebe-se não ser exclusividade sua, existem outros poucos. Alguns acham que as, bolhas, servem para proteger, mas, bolha, quando é, bolha, estoura fácil. A, bolha, serve pra separar, a, bolha, serve pra expor que somos diferentes.

Alguns não percebem as, bolhas, em volta de si mesmos. Os com olhos mais precisos percebem que os outros sempre estão do lado de fora, são as pessoas sem, bolhas,. Elas falam como que personagens de histórias em quadrinhos, tudo que é dito está escrito em, balões, distantes e limitados pelo pequeno quadrado daquele instante.

Somos diferentes daqueles porque as, bolhas, não deixam o que falemos fugir pra muito longe. Está tudo tão perto que por vezes ecoa em nossos ouvidos.

Algumas pessoas criam a, bolha, mais velhos que eu,
outras muitas as estouram para se misturar
poucas fazem a, bolha, crescer de novo


Eu as entendo, é díficil ter seu reflexo sobre tudo que se enxerga.

6 comentários:

pianistaboxeador21 disse...

Acertou. Lindo de verdade. E estamos todos vivendo dentro das nossas bolhas, cercados e presos ás nossas próprias palavras. Quem dera as minhas fossem tb pra longe, como aquelas das histórias em quadrinhos.

abração,

daniel

Gasolina disse...

Como te entendo!
Percebes agora as flechadas que atiro sobre os meus eus?

É que a questão não pode ser só encarada como se os fumetti fossem o nosso umbigo... e creio que tu, como escritor já te começaste a aperceber desses riscos...

Excelente texto.

PS: Estou a gostar cada vez mais dessa pontuação...

Ingrid Guerra disse...

Não quis cometer nehuma covardia com você, caro empirico. Se puder, procure essa canção para ouvir. Esqueça a tradução e apenas a sinta. No fundo é isso o que importa, não? Quanto ao "povo nas bolhas", não tenho nada a acrescentar. Você já disse tudo. Super abração procê.

Marcia Barbieri disse...

Adorei,realmente é difícil ter nosso reflexo em tudo que nos cerca,mas também é prazeroso.
Beijos

Gasolina disse...

Hum...

Percebi a mensagem!
Mas pode tornar-se um pau de dois bicos.
Ou seja:
Encaro as vírgulas junto às bolhas como travessões, sublinhados, forte referência e aí sim! Sente-se a intenção marcada, mais pisada, quase visceral.
Ou,
Tenta ler parando nas vírgulas (tomando ar)... (não esqueças o título). Eu acabei a arfar como a Dama das Camélias!

Bom, é só a minha opinião, nada mais e como tal vale pelo que vale.
Mas o belo da escrita reside tb nisso: a harmonia da pontuação ou a tempestade da pontuação atiram o leitor para onde o Autor quiser.

Comentário longo, desculpa...
Se achares por bem apagá-lo, tudo bem, no stress.
Mas gostei da brincadeira!

Abraço a ti

Ricardo Imaeda disse...

belíssimo
para quando restarem sem centro

um abraço